Porto/Post/Doc: as primeiras novidades
O Porto/Post/Doc regressa ao Porto entre 22 e 30 de novembro, ocupando o Batalha Centro de Cinema, o Passos Manuel e o Planetário do Porto. As atividades do festival ocuparão ainda outros espaços da cidade, compreendendo festas e concertos, ações para a indústria do cinema, conversas e masterclasses.

Salomé Jashi
A edição de 2024 do Porto/Post/Doc avança com um foco na obra da realizadora georgiana Salomé Jashi.
Nascida na Geórgia em 1981, começou por estudar jornalismo e foi repórter durante vários anos. Em 2005, ingressou na Universidade de Londres para estudar cinema documental, tendo depois fundado depois duas empresas de produção de documentários e ficção: Sakdoc Film e Microcosmos.
Atenta aos efeitos das alterações sociais, sorvendo um pouco da surrealidade do mundo em que vivemos, Salomé Jashi foi mapeando a situação política da Geórgia com o seu cinema. Cinco curtas e três longas-metragens integram um programa que lhe é dedicado: A Crypto Rush Aftermath (2023)
A Swim (2011)
Bakhmaro (2011)
Speechless (2009)
Taming The Garden (2016)
The Dazzling Light Of Sunset (2018)
Their Helicopter (2006)
The Tower (2021)

“A Europa não existe, eu estive lá”
Há cerca de 80 anos, a Europa tentou enterrar alguns dos seus piores fantasmas – o autoritarismo, a intolerância totalitária e supremacista, o fascismo. Em pleno século XXI, eles têm ressurgido de forma assustadora em vários países.
“A Europa não existe, eu estive lá”, o programa temático do Porto/Post/Doc 2024, propõe escavar e trazer à superfície um contraponto a esse Velho Mundo em decadência moral e política. Para isso, parte do ensaio “Uma ideia da Europa”, de George Steiner, que defende que o DNA europeu se formou à volta de uma “diversidade linguística, cultural e social, um mosaico pródigo que frequentemente transforma uma distância banal, de 20 quilómetros, numa divisão entre mundos”.
Esta seleção de filmes propõe sair em busca de uma nova Europa e dos valores humanistas que permitam sonhar uma nova utopia. Um programa que pensa o cinema com uma consciência política e ética, capaz de contribuir para a discussão coletiva sobre a construção de uma sociedade possível a partir das diferenças. “A Ascensão”, Larisa Shepitko (1977)
“A Canção dos Outros”, Vadim Jendreyko (2024)
“A Paixão de Joana D’Arc”, Carl Theodor Dreyer (1928) // cine-concerto com música de Alex FX
“Latcho Drom”, Tony Gatlif (1993)
“Pai Patrão”, Paolo Taviani, Vittorio Taviani (1977)
“Segura o teu Lenço, Tatjana”, Aki Kaurismäki (1994)

“A Paixão de Joana D’Arc”
Inserido no Programa temático “A Europa não existe, eu estive lá”, o filme A Paixão de Joana D’Arc de Carl Theodor Dreyer será exibido em formato cine-concerto, com uma criação original do músico e produtor Alex FX.
Fruto de um desejo antigo do músico, a proposta a ser apresentada tem o cuidado de não “criar uma linguagem musical totalmente disruptiva com a época em que a acção decorre” adianta o músico, enquanto clarifica que a mesma será “uma simbiose de instrumentos clássicos e electrónicos, dando uma nova perspectiva sónica ao monumento visual que o Carl Dreyer criou.”

Começou a caminhar nos alicerces de uma sala de cinema, cresceu entre cartazes de filmes e película. E o trabalho no meio audiovisual aconteceu naturalmente, estando presente desde a pré-produção até à exibição.