Porto/Post/Doc: programa fechado
Está lançado o programa final para a décima edição do Porto/Post/Doc. Entre os dias 17 e 25 de novembro o festival traz à cidade mais de 130 filmes que procuram, inequivocamente, reflectir os dias de hoje, apresentando ao público da cidade do Porto um olhar contemporâneo e multifacetado sobre o mundo. Um programa que pretende afirmar o papel da arte enquanto elemento fundamental na vida dos cidadãos, e ser um ponto de partida para uma discussão alargada sobre a cidade, a memória coletiva, o mundo do trabalho, as fronteiras, o meio ambiente, a transformação das instituições, as suscetibilidade à manipulação, o acesso à justiça (ou a falta dela), à educação e à saúde.
É impossível, num festival que sempre se definiu enquanto ferramenta de entender e transformar a sociedade, escrever este comunicado sem dar uma nota sobre o que se passa à nossa volta. Quando, há cerca de um ano, a equipa de programação começou a tomar decisões, longe estava de imaginar que, pelos piores motivos, estas ganhariam um relevo e uma urgência inevitáveis. Cremos que, perante o horror quotidiano que os media e as redes sociais difundem, se impõem um regresso ao cinema do real – o meio por excelência para descrever o mundo na sua extraordinária complexidade e agir sobre ele através da congregação de múltiplos pontos de vista.
Destaque especial para o programa competitivo do evento. Em 2023, a principal competição do festival regressa com dez longas-metragens em estreia nacional. Entre o registo documental e a ficção, este conjunto de filmes integra trabalhos da basca María Elorza (a primeira longa da realizadora basca que é também um dos focos do festival); da artista interdisciplinar curda Helin Çelik (Anqa, obra estreada no festival de Berlim); Lina Soualem (Bye Bye Tibériade, documentário sobre quatro gerações de mulheres palestinianas e as suas histórias de separação); Agnès Perrais (Ciompi, filme sobre uma das primeiras lutas operárias registadas na Europa); Tatiana Huezo (El eco, documento sobre uma pequena sociedade matriarcal instalada numa região marcada pelos raptos de mulheres e crianças), Vlad Petri (Between Revolutions, uma história de amizade, verve revolucionária, insubmissão feminista, desilusão e saudade); Daniel Kötter (Landshaft, um road movie que percorre a fronteira da região de Nagorno-Karabakh, motivo de contenda entre Azerbeijão e Arménia); Maciek Hamela (In the Rearview, obra produzida enquanto o realizador evacuava pessoas das zonas de combate na Ucrânia), Harald Hutter (Up The River With Acid, filme onde o realizador acompanha o dia-dia dos seus pais, a braços com os primeiros episódios de demência); e Peter Mettler (While the Green Grass Grows, ensaio que marca o regresso do realizador suiço-canadiano à produção cinematográfica).
No plano da língua portuguesa, alargada seleção para a Competição Cinema Falado, com treze filmes produzidos em países lusófonos. Em estreia nacional: À Procura da Estrela de Carlos Martínez-Peñalver Mas, Lindo de Margarida Gramaxo, Samuel e a luz de Vinícius Girnys e Visão do Paraíso de Leonardo Pirondi. A secção exibirá ainda filmes de Basil da Cunha, Daniel Blaufuks, Leonor Areal, Melanie Pereira e Ricardo Leite, entre outros.
Acompanhando o ano em que se celebram os 50 anos do Hip Hop, o Porto/Post/Doc criou ainda um programa especial dedicado ao tema. Na sala de cinema, um programa de filmes que revisita a história do género nas suas múltiplas facetas, com exibição do incontornável Style Wars, Stretch and Bobbito: Radio That Changed Lives, Lil Peep. Everybody’s Everything, entre outros. Hip Hop 50: Uma Celebração integra ainda duas conversas: Palavras que transformam com Capicua, Fábio Silva e Rui Miguel Abreu e Nó das Antas: por onde anda o Hip Hop portuense, com Ace, Maze, André Carvalho e Ricardo Farinha (conversa realizada em diálogo com a exibição do documentário: Não se Consegue Criar o Mundo Duas Vezes de Catarina David e Francisco Noronha). Este programa organizará ainda a dia 18 de novembro, uma BLOCK PARTY na Garagem Passos Manuel, com atuações de D-One, Serial e Redoma.
Focado na criação de espaços que promovam a troca de experiências e contatos entre realizadores e artistas emergentes, o Porto/Post/Doc alberga, este ano, o LAButa – laboratório de cinema que desenvolve atividades complementares em volta da competição Cinema Novo; e o 180 Media Lab – ciclo de oficinas, apresentações e palestras orientadas
A edição 2023 do Porto/Post/Doc contará ainda com uma secção infanto-juvenil, com propostas direcionadas a escolas, e um programa familiar a ter lugar a dia 19 de novembro, a partir das 15h00, com uma sessão de cinema seguida de uma festa no Batalha Centro de Cinema. A programação integra ainda várias ações apontadas para a indústria do cinema, convocando profissionais nacionais e internacionais do setor.
Anunciados estavam já os programas de foco nas obras de Mária Elorza e Alessandro Comodin, a proposta Faire Avec curada por Éric Baudelaire, Claire Mathon e Claire Atherton, o programa da Competição Transmission e os filmes de abertura (Vai no Batalha, Pedro Lino) e de Encerramento (Time Takes a Cigarrete, de Aya Koretzky). A sessão de encerramento exibirá ainda Antoine et Colette de François Truffaut.
Começou a caminhar nos alicerces de uma sala de cinema, cresceu entre cartazes de filmes e película. E o trabalho no meio audiovisual aconteceu naturalmente, estando presente desde a pré-produção até à exibição.