Cinema: Crítica – Tudo na Boa! (2023)
De alguma forma parece que estamos permanentemente a passar por um ciclo que nostalgia, onde géneros e sub-géneros populares durante o início do milénio, que sofreu mutações ao longo dos anos, adaptando-se às formas cinematográficas dos dias actuais. É um exercício interessante de acompanhar ao longo das últimas duas décadas para se perceber que não foram assim tantas as coisas que mudaram, pelo menos em espírito. Neste caso, Gene Stupnitsky tem a noção de como abordar a comédia de uma forma mais aberta, e o seu mais recente filme, Tudo na Boa! vem demonstrar que ainda há alguns risos para se ter.
Conhecemos Maddie (Jennifer Lawrence), uma rapariga que é motorista, que acaba por perder o seu carro, estando prestes a falir e a perder a casa deixada pela sua mãe. Desesperada, esta encontra um anúncio num site, que oferece um carro, em troca de conviver com Percy (Andrew Barth Feldman) um jovem de 19 anos introvertido, antes deste ir para a faculdade.
Estamos perante um filme que segue uma estrutura tradicional da comédia, atirando vários ingredientes novos e talvez menos usuais, para o maior efeito cómico. É algo que o filme faz, e bem, colocando estas duas personagens opostas num frente-a-frente romântico improvável. Mas, ao contrário dos filmes dos quais se inspira, a parte mais sensual é, na sua maioria, uma mera ameaça do que acções.
Por outro lado, ele por vezes dá a mão ao extremo sem qualquer medo pelas consequências, ainda que algo estranhas no meio do panorama actual. Não obstante disso, há momentos divertidos para se passar e algumas gargalhadas para soltar, por mais embaraçosas que sejam. Não são frequentes, quando acontecem, sentimos que talvez a piada não tenha caído da melhor forma, o que pode causar algumas quebras na realização dos acontecimentos.
Por outro lado, Lawrence demonstra-se num estado perfeito de capacidade dentro do género, um que deveríamos ver mais participações da actriz, com uma personagem amável. Da mesma forma, a grande estreia no grande ecrã de Barth Feldman prova que podemos estar perante um dos novos grandes actores da comédia – e potencialmente dos musicais – com um bom excelente início de carreira. Não são todos os que têm a oportunidade de contracenar com uma das actrizes mais irreverentes de Hollywood.
Assim, Tudo na Boa! é uma comédia amena, perfeita para um serão de verão no cinema, mas não muito mais para além disso, oferecendo tantos momentos cómicos, com de estranhos, o que resulta numa obra por vezes bizarra no seu tom.
Nota Final: 6/10
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.