Cinema: Crítica – Together
O casal da vida real Alison Brie e Dave Franco protagonizam Together, um body-horror macabro, que os vai aproximar ainda mais. Literalmente.
São raras as ocasiões onde casais da vida real podem contracenar juntos, num projecto com verdadeiro impacto na história do filme, dando-lhe uma nova dimensão. Não falo, claro, dos dramas das revistas cor-de-rosa, aquando a relação de Brad Pitt e Angelina Jolie em 2005, nem agora dos rumores que Liam Neeson e Pamela Anderson poderão estar juntos. Neste caso, Alison Brie e Dave Franco protagonizam juntos Together, na estreia nas longas-metragens do cineasta australiano Micahel Shanks.
Millie (Brie) e Tim (Franco) são um casal que ainda se amam, mas parece haver algum atrito a desafiar a sua relação. Quando Millie aceita uma proposta de trabalho numa escola numa cidade rural, Tim sente-se forçado a mudar-se com ela, invés de perseguir os seus sonhos musicais. Acontece que esta cidade esconde um segredo antigo, um que irá aproximar ainda mais este casal. Literalmente.
O regresso da popularidade dos body-horror, com A Substância, parece estar sob defesa deste ter ganho nos Óscares, e assim normalizar o conceito junto ás massas. É uma tendência que vemos noutros filmes estreados este ano, como A Meia-Irmã Feia e The Shrouds – As Mortalhas, e as coisas não aparentam ficarem por aqui, para melhor ou pior. A verdade, é que Together é outro tipo de monstro, com uma abordagem bem mais subtil, mas quando quer, consegue ser alarmantemente assustador.
O facto de Brie e Franco serem verdadeiramente um casal permite que muitas das cenas tenham uma química genuína por ambas partes, mesmo neste universo ficcionalizado, e quando demonstram muito afecto um pelo outro, ao contrário de Tim que ressente Millie, podendo potencialmente ser terapêutico para o casal terem protagonizado o filme neste modo.
Esta jornada é uma que vai construindo a sua tensão e revelando os segredos que esconde, mas não sem nos deixar profundamente desconfortáveis em situações alheias, numa mistura macabra de risos e terrores, ao verem os seus corpos a serem alterados sem uma explicação lógica. Ainda que tenha uma fundação sólida ao longo do filme, o foco no casal poderá acabar por vezes ser maçador, em busca de alguma outra profundidade, merecidamente. Por outro lado, este foco permite-nos viver o horror em simultâneo, e assim apelar ao nosso bom senso e empatia pelas personagens.
No fim, Together é outro dos grandes filmes de terror a estrear nas salas este verão, que irá deixar muita comichão aos espectadores, enquanto testemunham alterações corporais intrigantes e grotescas, no que aparenta ser um jogo macabro de demonstrar o que é uma verdadeira prova de amor.
Nota Final: 7/10
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.




