Cinema: Crítica – O Telefone Negro 2
Depois do sucesso do primeiro filme, Scott Derrickson junta-se novamente à Blumhouse para a sequela O Telefone Negro 2.
Quando O Telefone Negro estreou nas salas em 2021, o ressurgimento do cinema de terror da Blumhouse numa era a caminhar para a pós-pandemia provou que o público estaria disposto a sair de suas casas e voltar para as salas de cinema, para o filme certo. Com um orçamento abaixo dos 20 milhões de dólares, foi um sucesso garantido, com o primeiro filme a abordar o rapto de um jovem e a sua irmã com um dom especial para ver o mundo para além de como nós meros mortais o vemos. Apenas quase meia década depois, o cineasta Scott Derrickson regressa com O Telefone Negro 2.
Quatro anos depois dos eventos do primeiro filme, Finney (Mason Thames) ainda está a lidar com as consequências do seu rapto e subsequente morte do seu sequestrador. Ao mesmo tempo, a sua irmã Gwen (Madeleine McGraw) cada mais vê o seu dom a invadir os seus sonhos, colocando-os num trilho novo a um acampamento religioso, ligado à sua mãe falecida e como tudo vai dar ao Grabber (Ethan Hawke, novamente assustador com e sem a sua máscara).
Esta sequela faz um pouco mais do que expandir o universo que estabeleceu, contextualizando muitos dos detalhes que ficaram por explicar, de forma consistente e intrigante, oferecendo de facto uma experiência nova que fortalece a sua narrativa, sem comprometer aquilo que já foi feito. De igual forma, muito isto se poderá dever ao sucesso de Stranger Things, que abriu portas para um certo tipo de nostalgia dentro do género, aqui demonstrando o interesse da sua inclinação.
É neste acampamento que passamos a grande maioria do tempo, no meio do gelo e da neve, longe dos subúrbios de Denver, do qual Derrickson se inspirou para o primeiro filme. Com um novo ambiente, novos perigos estão à espreita, como também novas personagens, na forma de Armando (Demián Bichir), responsável pelo acampamento, e Mustang (Arianna Rivas), a sua sobrinha, fã de cavalos; estas que também adicionam o seu peso à dinâmica.
Por outro lado, Derrickson decide optar por um estilo cinematogáfico dividido entre o moderno e os clássicos do género em certas condições, e explorar esse potencial ao máximo ao implementar as suas regras para dentro do seu próprio jogo, uma adição muitíssimo bem-vinda e absolutamente cativante na sua forma final, deixando uma impressão muito positiva.
Assim, O Telefone Negro 2 é uma sequela que faz mais e melhor do que merecemos, colocando todas as suas fichas em explorar o seu historial noutro ambiente e contexto, e ainda assim entregar um filme de género consistente e arrebatedor. Com um foco maior numa das suas personagens mais interessantes, este oferece uma experiência diferente q.b., e muito pessoal, sem se descuidar em demasia.
Nota Final: 8/10
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.




