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Cinema: Crítica – A Floresta das Almas Perdidas

“A Floresta das Almas Perdidas” foi um dos três filmes portugueses a concurso no Fantasporto deste ano. Realizado por José Pedro Lopes, já várias vezes convidado em eventos Central Comics, este é um filme de terror filmado a preto e branco.

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 A Floresta das Almas Perdidas

Foi no dia 26 de Fevereiro que tive oportunidade de assistir ao filme “A Floresta das Almas Perdidas”, de José Pedro Lopes (produzida pelo Anexo 82), em estreia mundial na edição deste ano do Fantasporto, na semana dos realizadores.

Do autor, tinha já o privilégio de conhecer algum trabalho. Deste filme propriamente dito tinha elevadas expectativas –  visto o trailer, retive a belíssima premissa do filme, envolta em maravilhosa fotografia – o preto e branco – e a voz do actor Jorge Mota (uma voz envolvente e calma, que me traz muitas lembranças desde a infância, nomeadamente pela dobragem de animação em que participou).

A Floresta das Almas Perdidas

Gosto de assistir a filmes acerca dos quais sei muito pouco. Daqueles que de facto me conseguem levar até uma sala de cinema costumo apenas deixar-me cativar por uma voz, uma imagem, um actor ou um realizador em concreto, uma paisagem ou uma temática. O resto tem de ser surpresa. ‘”A Floresta das Almas Perdidas” é algo notável. Lembro-me de ter lido que o realizador o descreveu como sendo uma “matryoska” – “dois estranhos encontram-se no local mais triste do mundo, mas um deles está feliz por lá estar” – e que era inspirado nos melhores “slashers” dos anos 70.

O filme tem início numa floresta densa, numa área remota, escolhida talvez por este motivo por inúmeras pessoas que aí desejam cometer suicídio. É por este motivo que Ricardo (Jorge Mota) deseja por termo à própria vida, após a morte de uma filha no mesmo local, algum tempo antes. É neste sítio que trava conhecimento com Carolina (Daniela Love) – uma curiosa personagem que o leva a decidir dar um passeio calmo com ela pelo local antes de terminar o seu propósito.

O ritmo compassado da narrativa é evidenciado pela cadência da locução de Jorge Mota. Serenidade nos sons e nas imagens, o ocasional silêncio, a contemplação do acto final. Pelos olhos de Carolina, a morte afigura-se como um escape natural, algo de ingénuo – a nossa e a dos outros – e ficamos com a sensação de que esta personagem poderá ser algo mais do que aparenta. Será ela uma adjuvante da morte, terá ela algum propósito em ajudar Ricardo na sua tarefa, terá ela influenciado em vida algum dos inúmeros corpos que habitam já aquela floresta? Psicopompo ou excêntrica inveterada?

Bom, o realizador avisou… acerca da tal “matryoska”.

Na área mais técnica, gostaria de sublinhar a excelente prestação de Daniela Love, que deu vida a Carolina, personagem que é o fio condutor de todo o filme. No entanto, a sua presença não consegue ligar as duas partes distintas que o filme tem – aliás, mais parecem duas curtas metragens, sendo a segunda uma sequela da primeira. A filha e esposa de Ricardo, que na primeira parte são apenas referidas em discurso, tem uma aparição muito tardia no ecrã, o que faz com que o espectador não tenha por elas a empatia desejada. Se o filme não estivesse tão marcadamente dividido em dois blocos, num guião demasiado linear, estaríamos perante uma grande surpresa no que diz respeito ao cinema português.

A Floresta das Almas Perdidas

Aprovo e recomendo vivamente! Vá às salas ver cinema português.

Para mais informações sobre o filme e onde poderão assistir ao mesmo, visitem a página de Facebook oficial e a página do IMDB.

Andreia Lopes

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