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Cinema: Crítica- Bloodshot

Ray Garrison era o soldado perfeito.

Embora não fosse o melhor a seguir ordens, a sua eficiência e amor pelo combate justificavam os seus frequentes destacamentos. No entanto, durante uma folga de sonho numa cidade costeira a tragédia finalmente chegou, Ray é raptado e morto por um enigmático vilão.

Com o seu último fôlego, Garrison promete exercer a sua vingança. Por pura conveniência, ele acorda num laboratório topo de gama, sujeito a um processo regenerativo que não só lhe dá uma nova oportunidade, como também lhe limpa a memória e o recheia de nanobots.

Mais forte, mais rápido, e com poderes regenerativos de meter inveja ao Wolverine, tudo em cima da sua experiência militar, tornam Ray Garrison um derradeiro exército em busca da sua vingança.

Duvido que muitos se tivessem incomodado se o filme se limitasse à acção e  narrativa simples que os trailers propõem. Afinal de contas, é um filme de origem dum super-herói, temos certas etapas incontornáveis, as reviravoltas, as grandes lutas finais contra os mauzões, repletas de efeitos especiais, pancadaria e explosões. Só faltou o laser gigante a atravessar a camada do ozono para termos Bingo, mas talvez o estejam a guardar para o Crossover com o X-O Manowar, o Dr Mirage e os Harbingers (outros heróis do mesmo universo).

Sim, Bloodshot pode bem servir de rampa de lançamento para um universo da Valiant, mas não deu passadas mais longas que as pernas, a história é auto-contida e não apanhei nenhum teaser imediato ao resto do panteão da editora, mas não escondo a minha falta de dedicação aos seus heróis, sempre me transmitiram aquela onda dos “Anos 90”, tudo sombrio, cheio de pistolas, bolsos, cintos, enfim.

No entanto, os méritos de bloodshot não se limitam ao entretenimento explosivo das suas setpieces, ou à adaptação minimamente fiel do material de origem. A verdade é que o filme, na sua estrutura impeditiva previamente mencionada, consegue abordar certos temas de formas inesperadas e interessantes. Todo o conceito do dever de um soldado, seguir ordens sem questão, de como os seus superiores se distanciam, comparando-os a ferramentas, não é algo que se veja com recorrência no sub-género dos super-heróis, muito menos no lado dos “bons da fita”.

Com devidos louros cedidos ao argumento e efeitos visuais, passamos aos actores. Infelizmente os cabeças de cartaz são Vin Diesel e Guy Pearce, que interpretam respectivamente… Vin Diesel e Guy Pearce. Não que isto seja algo mau, mas é mais do mesmo e limita bastante o processo criativo, e por conseguinte as suas recompensas. Mas há sempre males que vêm por bem, e entre type-casting clássico, é nos apresentado Lamorne Morris como Wilfred Wagins. Embora Morris não seja particularmente conhecido, o seu desempenho em Bloodshot é o ponto alto do filme. Sim Wilfred é um cliché, mas há uma certa aura, uma espécie de carisma no desempenho de Morris que o torna o mais divertido membro do elenco.

Por fim, gostaria de abordar a estranha ausência de banda sonora no filme e o notável design de personagens e adereços. Todas as próteses primeiramente militares e as personagens que as envergam são interessantes e criam 1001 possibilidades para combate de cena divertido e diferente, o que suscita uma certa curiosidade num segundo visionamento e, quem sabe, uma sequela ou duas.

Bloodshot não tem os selos das grandes editoras de Banda Desenhada às costas e por isso acaba por ser um espécime bastante mais interessante. A adaptação mantém-se minimamente fiel, e como produto de entretenimento cumpre bem o seu dever.

Uma espécie de Velozes e Furiosos sem carros e com um elenco muito menos abarrotado, mas com iguais doses de adrenalina e diversão. Sem dúvida um filme merecedor duma vista de olhos, mas nada por aí alem. Sobra potencial por explorar.

7/10

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