Cinema: Crítica – Ambulância – Um Dia de Crime (2022)
Michael Bay é um realizador que associamos ao cinema de espectáculo, repleto de acção, explosões e cenas emocionantes, onde todos os momentos são de muita adrenalina. É também alguém cujos filmes ultrapassam frequentemente a marca dos 100 milhões de orçamento, com os seus filmes mais “indie” a custarem perto dos 25 milhões. Foi o caso de Pain & Gain (Dá e Leva), em 2013, e é o caso do seu mais recente filme, Ambulância – Um Dia de Crime.

Will Sharp (Yahya Abdul-Mateen II) é um veterano que regressa a casa a precisar de dinheiro para pagar uma operação experimental para a sua mulher. A falta de apoio força-lhe a recorrer ao seu irmão adoptivo Danny (Jake Gyllenhaal). Este propõe o que seria um simples assalto a um banco federal, mas as coisas correm pelo pior quando um polícia é ferido a tiro e a dupla é tenta escapar na ambulância que está a assistir o agente, levando-os numa perseguição por Los Angeles sem precedentes.
Bay, mesmo com uma fracção do dinheiro dos seus maiores blockbusters, é capaz de entregar um filme carregado de emoções, onde a destruição maciça da chamada Cidade dos Anjos é feita entre os muitos carros da polícia e uma ambulância imparável. De certa forma, relembra o clássico Speed – Perigo a Bordo, excepto que estamos a torcer pelos maus da fita. Aliado a isto está um argumento sólido, de Chris Fedak (DC’s Legends of Tomorrow, Chuck), que dá voz às personagens deste Bayhem.

O trio principal do elenco também faz por demonstrar as diferentes personagens sobre pressão; Abdul-Mateen II é uma estrela em ascensão, estabelecendo neste filme que é um actor que o público que continuamente ver, após as suas participações em Candyman e The Matrix: Ressurections, enquanto que Gyllenhaal em modo lunático regressa aqui em força. Mas é Eiza González que carrega sobre os ombros toda a tensão do filme, como a melhor paramédica da cidade no pior dia da sua vida. Todo o ensemble do lado dos polícias também é ele sólido, com Garret Dillahunt e Keir O’Donnell a fazerem a caça ao homem.
Nem tudo é perfeito na execução. A shaky cam durante a maior parte do filme pode induzir a dores de cabeça nos primeiros 20 minutos e o estilo de Bay continua a aparentar datado, ainda que consigamos reconhecer que sofreu algumas actualizações tecnológicas – o homem claramente olhou para um drone e começou imediatamente a pensar em mil formas como o usar. Muitos dos diálogos também têm uma tendência a serem ou infantis, ou carregados de testosterona, tentando contribuir para algum tipo de comédia sem grande sucesso. Mas também estão aceitáveis considerando o estilo de Bay e o universo cinematográfico que construiu.

Assim, Ambulância – Um Dia de Crime prova que Michael Bay consegue mais uma vez criar o caos do qual é conhecido com um orçamento mais reduzido e ainda assim acelerar o nosso batimento cardíaco, num filme de acção implacável.
Nota Final 7/10
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.