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Brasil: Setor Audiovisual comemora vitória de Lula

No último domingo de outubro, 30, Luiz Inácio Lula da Silva, mais conhecido como Lula, venceu o atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, segundo os resultados do órgão eleitoral do país, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

Lula da Silva

No transcorrer da noite histórica, os resultados permaneceram apertados. O ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) foi eleito no domingo à frente do Brasil ao bater por pouco o presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro, 50,9% (60.345.999 votos) contra 49,1% (58.206.354 votos), de acordo com os resultados oficiais do TSE. 

Numericamente, esta é a diferença mais estreita entre dois finalistas presidenciais desde o retorno à democracia após a ditadura militar (1964-1985). A imprensa brasileira revela que a margem é muito menor do que o previsto pelas sondagens, que já haviam subestimado a pontuação de Jair Bolsonaro antes do primeiro turno.

O resultado da histórica disputa eleitoral foi visto como um sopro de esperança, grito de resistência e renascimento para o setor audiovisual do país.  

Parecer do setor

Com Lula, os profissionais do setor esperam que a produção de filmes e séries seja normalizada após um comando torpe da Agência Nacional do Cinema (ANCINE). Entretanto, o jornalista Leonardo Sanchez, da “Folha de S.Paulo”, destaca que há quem expresse temor pela necessidade de uma contrapartida social nos projetos aprovados a partir de agora.

Nesse sentido, na manhã seguinte à vitória do petista nas eleições, Sanchez ouviu alguns cineastas e produtores. O jornalista ressalva que não é segredo que o grosso da classe artística estava alinhada a Lula nos últimos meses, mas passado o furor da vitória, o audiovisual parece estar ciente de que restabelecer o setor será uma tarefa hercúlea e demorada.

Em entrevista concedida à Sanchez, Anna Muylaert, realizadora e argumentista de longa-metragens como “Que Horas Ela Volta?” e “Alvorada”, sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (2011-2016), frisa que há expectativa em especial pela prometida recriação do Ministério da Cultura, extinto por Bolsonaro, e pela “retomada da máquina que é a Ancine”.

“Há vários filmes produzidos e não lançados, porque a agência estava paralisada. Pelo que vimos das gestões anteriores da cultura nos governos do PT, acho que em cerca de um ano a situação já estará avaliada, pronta para ser reestruturada. É preciso voltar àqueles investimentos em descentralização da produção, em quantidade, em distribuição, em técnica e numa tradição cinematográfica que levou o Brasil para grandes festivais”, afirma (via Folha de S.Paulo).

Na mesma linha, à Sanchez, Marcelo Braga, produtor de “A Menina que Matou os Pais”, sublinha que há certeza no setor de que, a partir de agora, será traçada “uma grande força tarefa para a sua recuperação”.

“Não será tão simples, precisaremos de alguns anos para voltar ao patamar que tínhamos conquistado, mas juntos encontraremos formas de retomar editais, políticas públicas e tudo mais”, diz Braga (via Folha de S.Paulo).

Já o celebrado realizador Kleber Mendonça Filho, que levou o Brasil a Cannes com o elogiado “Bacurau”, destaca que a cultura esteve sob ataque desde o que chama de “golpe de 2016”, quando Rousseff foi destituída do mais alto cargo do país.

“Mas tenho certeza que no novo governo Lula, ela será reconectada com a volta do Ministério da Cultura, cuja extinção é uma das muitas vergonhas desse atual governo”, ressalva Mendonça Filho (via Folha de S.Paulo).

Ainda sobre a questão, Bruno Barreto, realizador do icónico “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, acredita que um dos desafios do novo governo Lula será não ceder à tentação de regulamentar o setor logo de cara. Para Barreto, é necessário esperar mais alguns anos para entender melhor o comportamento dessas plataformas, para aí sim entregar-se “à ansiedade do PT de querer regulamentar as coisas antes de elas acontecerem”.

Por fim, Josias Teófilo, que gravou os documentários “O Jardim das Aflições”, sobre o ensaísta, polemista, influenciador digital e ideólogo Olavo de Carvalho (1947-2022), e “Nem Tudo se Desfaz”, sobre a movimentação da direita que culminou na eleição de Bolsonaro, admite que “Lula vai fazer tudo o que o Bolsonaro não fez”.

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