Análise BD: Nero Tome 1 – Obscurci est le soleil, ternes sont les étoiles
A editora belga Dupuis lançou o primeiro volume de “Nero”, dos irmãos
Uma edição originalmente editada pela Sergio Bonelli Editora, este álbum duplo de Nero, saiu na Bélgica e França em Fevereiro de 2023 (os álbuns italianos saíram em 2021/2).
A trama começa com Nero bem jovem onde é sacrificado a Iblis, o Djinn do fogo, num ritual ancestral liderado pelo seu próprio pai. Dessa cerimónia que acaba por correr mal, Nero ficou para sempre marcado com uma estranha cicatriz na testa. Apesar de não ser claro ainda neste primeiro volume, as consequências serão certamente bem mais do isso.
Depois temos um salto temporal e já encontramos um Nero adulto, assombrado por um passado doloroso que terá que superar para derrotar as forças das trevas condenadas à extinção da Humanidade. Ele é um cavaleiro cristão, numa guerra impiedosa em plenas Cruzadas. E, numa batalha feroz contra os inimigos do Oriente, num dos períodos mais sombrios da história, acaba por fazer refém um soldado que aparenta ser muito mais que um guerreiro. Nero fica e que o põe alerta, até porque o seu tio, um homem da alta patente do exército, tende a defender este refém por algum motivo.
Esta é sem dúvida uma aventura fantástica que revisita o coração das Cruzadas. O argumento mistura a história real do mundo sombrio e aventureiro da Idade Média cristã com elementos do imaginário das fábulas do Oriente Médio, génios, espíritos e magia ancestral, muito bem embrulhado num enredo com batalhas campais, desafios épicos, líderes, monges, traficantes e jovens paladinos em busca de fortuna.
Nero faz também parelha com uma jovem e misteriosa guerreira numa relação com muita fricção, numa tentativa de termos aqui uma personagem feminina forte.
Na verdade não há tempos mortos nesta banda desenhada. Tudo se passa num ritmo elevado, sendo que o principal foco é a acção, e por isso não perde muito tempo com longas conversas, algo que é muito comum em banda desenhada histórica.
A arte de Nero Tome 1, é um dos pontos altos. As ilustrações são detalhadas e realistas q.b., sendo que as cenas de acção são retratadas de forma impactante e dinâmica. De notar também que é projectado como se fosse uma BD IMAX, temos poucas e grandes vinhetas por página, e nos faz encher o olho num grande espectáculo visual.
E sem dúvida teria de falar do incrível efeito que a colorização tem de uma forma global, com uma paleta de cores que contrasta geralmente entre os tons quentes do vermelho e laranja, com os frios primordialmente do azul, ajudando a criar uma atmosfera incrível.
Se queres coçar a cabeça com um argumento mirabolante ou ficares profundamente abalado com uma história que te irá tocar dentro do peito, esquece. “Nero” é feito para o espectáculo visual para quem gosta de aventura e mistério com elementos de fantasia, tudo isto numa montanha russa de acção non-stop. Nesse campo sem dúvida que cumpre muito bem a sua função.
O livro é imponente no tamanho, qualidade do papel e de impressão e agradará a todos os que gostam de um belo encadernado em formato físico.
Classificação: 7.5/10
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Co-criador e administrador do Central Comics desde 2001. É também legendador e paginador de banda desenhada, e ocasionalmente argumentista.