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Festa do Cinema Francês: duas antestreias em análise

Decorreu em Lisboa, entre os dias 8 e 21 de outubro, a 21ª Festa do Cinema Francês, dividindo-se entre duas salas míticas da cidade, o Cinema São Jorge e a Cinemateca. O Central Comics marcou presença em duas antestreias nacionais:

O Melhor Ainda Está Para Vir

Arthur Dreyfus (Fabrice Luchini) e Cesar Montesiho (Patrick Bruel) são dois amigos que parecem pertencer a mundos completamente opostos. Enquanto que o primeiro é um médico divorciado e pacato, o segundo está cheio de dívidas e leva uma vida pouco estável, sobretudo para o que se pode esperar de um homem de meia idade.

Logo no início da trama, Arthur descobre que o amigo tem uma doença terminal e, ao contar-lhe, Cesar acaba por pensar que é Arthur quem tem pouco tempo de vida e decide mudar-se de malas e bagagens para a casa do amigo de forma a aproveitarem ao máximo o pouco tempo que resta. A premissa de dois melhores amigos dispostos a tudo um pelo outro (pouco importa aqui a confusão sobre quem estava doente) abre caminho para um filme que tem tanto de cómico como de comovente.

Fabrice Luchini e Patrick Bruel estão irrepreensíveis nos respetivos papéis de uma narrativa bem construída, que nunca nos deixa cair no aborrecimento, mas também abre espaço para refletirmos sobre o que realmente importa na vida. O argumento é, aliás, pródigo em dar-nos pequenas lições ao assinalar a importância de Cesar reconciliar-se com o pai ou ao mostrar-nos Arthur a fechar um capítulo da sua vida para viver um novo amor.

Deixa-nos ainda a questão no ar: e se tivéssemos pouco tempo de vida? Que coisas gostaríamos de fazer? Não importa o que fosse, esta obra realizada por Alexandre de La Patellière e escrita pelo próprio em conjunto com Matthieu Delaporte, faz-nos voltar a acreditar que a força do amor e da amizade sobrepõem-se a quaisquer adversidades. Como bem refere o título, o melhor ainda está para vir.

Nota Final: 9/10


Queria Ter Alguém À Minha Espera Num Sítio Qualquer

Na sua bela casa de família, no final do verão, Aurore comemora o seu 70º aniversário, rodeada pelos seus quatro filhos, que apareceram todos para celebrar a ocasião. Jean-Pierre, o mais velho, assumiu o papel de chefe de família após a morte do pai; Juliette, grávida do seu primeiro filho aos 40 anos e que ainda sonha ser escritora; Margaux, a artista radical da família, e Mathieu, um homem de 30 anos ansioso por seduzir a bela Sarah. Mais tarde, um dia, um deles tomará uma decisão que mudará as vidas de todos…

Na origem desta película está uma coleção de contos da autoria de Anna Gavalda, lançados no final dos anos 90. A partir destas histórias, Arnaud Viard imaginou um filme, que tem como protagonistas dois irmãos e duas irmãs, cada qual com diferentes aspirações, mas todos com uma ligação à arte. Queria Ter Alguém à Minha Espera Num Sítio Qualquer acompanha o percurso destes irmãos, narrando com delicadeza os seus tormentos, dúvidas, dores e alegrias, tanto familiares como individuais.

Entre sequências algo artificiais e momentos mais tocantes, a terceira longa-metragem de Arnaud Viar destila uma melancolia díspar, tirando partido dos intérpretes para transcender a típica comédia dramática francesa, tão em voga nos últimos anos.

Nota Final: 6,5/10

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