“Aniki Bobó”: de regresso aos cinemas
O icónico Aniki-Bobó, a primeira longa-metragem de Manoel de Oliveira, vai conhecer uma nova vida com a estreia mundial da sua versão restaurada em 4K, que terá lugar na prestigiada secção “Venice Classics” do Festival de Cinema de Veneza, entre agosto e setembro.
Aniki-Bobó, de 1942, mistura realismo poético e cinema documental, sendo hoje considerado um dos marcos fundadores do neo-realismo cinematográfico. Baseado no conto “Meninos Milionários”, de João Rodrigues de Freitas, retrata as peripécias de um grupo de crianças do Porto, centrando-se na rivalidade entre Carlitos e Eduardinho pelo coração de Teresinha.
Carlitos e Eduardinho gostam da mesma menina, Teresinha. Um é audacioso e atrevido. O outro, tímido e sossegado. A rivalidade vai-se acentuando até o dia em que Eduardo leva um tombo e vai parar no hospital. Carlos torna-se o principal suspeito de tê-lo empurrado. O elenco inclui Nascimento Fernandes, Horácio Silva, António Santos, Fernanda Matos.
O restauro, levado a cabo pela Cinemateca Portuguesa, devolve ao grande ecrã todas as nuances visuais e sonoras desta obra-prima, cujo impacto foi inicialmente modesto, mas que viria a ser reconhecida internacionalmente duas décadas depois, em Cannes.
O filme chegará brevemente às salas nacionais, oferecendo ao público português a oportunidade rara de (re)descobrir este tesouro do património cinematográfico nacional com a qualidade que merece.
“Clássicos de Veneza”, criado em 2012, é um programa dedicado à celebração das grandes obras-primas e dos mestres incontestáveis da história do cinema. Este ano, Aniki-Bobó integra um seleto conjunto de 18 filmes restaurados, sob a curadoria de Alberto Barbera, diretor artístico do festival.
Começou a caminhar nos alicerces de uma sala de cinema, cresceu entre cartazes de filmes e película. E o trabalho no meio audiovisual aconteceu naturalmente, estando presente desde a pré-produção até à exibição.