Jogos: Among Ashes – Análise

Among Ashes é um jogo indie de terror que consegue ser simultaneamente inovador e nostálgico. Com um foco único na imersão, o jogo tenta ao máximo fazer-nos sentir que estamos verdadeiramente dentro do seu mundo.

   

Jogo: Among Ashes
Disponível para: PC, PlayStation 5
Versão testada: PlayStation 5
Desenvolvedora: Rat Cliff Games
Editora: Rat Cliff Games

Devo dizer que, o que salta imediatamente à vista em Among Ashes é o seu uso subversivo do cenário. No jogo, assumimos o papel de um gamer ávido no ano de 2001. Enquanto jogas o que o jogo descreve carinhosamente como um ripoff de DOOM, recebes uma mensagem no equivalente do universo do jogo ao MSN Messenger. É o teu amigo a informar-te sobre um jogo de terror gratuito que encontrou online. Depois de suportares o dolorosamente lento download no teu computador antigo, inicias o jogo para jogares ao lado do teu amigo. O que começa como um jogo de terror simples e cheio de clichés rapidamente tem consequências inesperadas no mundo real que te rodeia.

O mais impressionante em Among Ashes é como consegue evocar nostalgia por 2001. O computador volumoso do protagonista, o design retro dos sites que visitas e até mesmo a inclusão de um clone do MSN transportam-te para a época. O uso frequente de emojis como “XD” aprofunda ainda mais essa imersão. Essa utilização eficaz do cenário vai além de ser apenas um gancho nostálgico; é crucial para tornar o terror de Among Ashes realmente eficaz.

Como mencionado, Among Ashes gira em torno do protagonista a jogar um jogo de terror amaldiçoado no seu computador, com os seus efeitos a infiltrarem-se no mundo real.

Mecanicamente, este conceito traduz-se no gameplay ao permitir-te interagir tanto com o computador virtual como com o espaço do apartamento ao teu redor. Embora grande parte do jogo se passe a jogar o título de terror instalado no computador do protagonista, podes sair da secretária a qualquer momento para explorar o apartamento. Isto torna-se essencial à medida que a influência do jogo amaldiçoado começa a manifestar-se no “mundo real”.

O computador no jogo é incrivelmente funcional. Ao contrário de outros jogos com uma premissa semelhante, o computador em Among Ashes não é apenas um dispositivo para iniciar um jogo secundário. Comporta-se como um PC real, permitindo-te alternar entre o jogo, um programa de mensagens e um navegador de internet. Esta funcionalidade é fundamental para progredir no jogo. Detalhes da história e soluções para puzzles muitas vezes exigem que fales com o teu amigo no Messenger ou explores os fóruns dentro do jogo onde o estranho título de terror foi encontrado.

Among Ashes presta homenagem a jogos de terror icónicos enquanto os parodia ao mesmo tempo. O exemplo mais óbvio é Night Call, o jogo-dentro-do-jogo que conduz a narrativa de Among Ashes. Night Call é descrito na história como uma paródia de Resident Evil e Silent Hill. Quando os eventos sobrenaturais não estão em ação, Night Call é uma homenagem bem-humorada aos clichés de escrita e ao estilo visual desses jogos, com um aspeto nostálgico de início dos anos 2000 que teria sido de ponta na altura.

Por mais pontos fortes que tenha, Among Ashes tem momentos em que o terror perde impacto. O jogo ocasionalmente recorre a sustos baratos , que, embora eficazes, parecem um pouco previsíveis. Quando aposta no suspense, os sustos por vezes perdem força devido a modelos ou recursos de baixa qualidade que quebram a imersão ou falham em ser assustadores. Curiosamente, os modelos intencionalmente simples em Night Call muitas vezes conseguem ser mais assustadores do que os mais realistas no mundo do protagonista.

Apesar das suas falhas, Among Ashes brilha onde é mais importante. As suas pequenas imperfeições não retiram significativamente da experiência geral. Recomendo vivamente aos entusiastas de terror, mas talvez queiras evitar jogá-lo sozinho no escuro.

Nota: 8,5/10