Doclisboa’25: retrospectiva dedicada a William Greaves
O Doclisboa, em parceria com a Cinemateca Portuguesa, apresentará em Outubro uma retrospectiva dedicada ao cineasta norte-americano William Greaves (1926–2014), figura incontornável do cinema documental e experimental afro-americano, cuja obra reflecte um compromisso profundo com a justiça social, a memória histórica e a liberdade. Co-programada em conjunto com Scott MacDonald, um dos autores do livro William Greaves: Filmmaking as Mission, a retrospectiva oferece um olhar singular e revelador sobre o trabalho deste actor, realizador, produtor e editor, e sobre o seu país, os Estados Unidos da América.
A habitual Sessão de Antecipação da retrospectiva, na esplanada da Cinemateca, acontecerá a 4 de Julho, com a projecção do filme In the Company of Men (1969), um exercício psicodramático com trabalhadores negros e gestores brancos no Sul dos EUA. O programa completo da retrospectiva poderá ser descoberto de 16 a 26 de Outubro, no Doclisboa.
Greaves começou a sua carreira nas artes performativas, antes de compreender “o poder do documentário como ferramenta de transformação social”, refere Scott MacDonald. Sem oportunidades para estudar realização documental nos EUA, mudou-se para o Canadá, para estudar no National Film Board. Regressa mais tarde ao seu país para criar a William Greaves Productions com a sua companheira, Louise Archambault Greaves.
Produziu, com um orçamento sempre reduzido, notícias para a US Information Agency, tendo sido produtor executivo e co-apresentador do Black Journal, episódios 1 – 24 (1968 – 1970), o primeiro programa de notícias transmitido por todo o país com foco na vida dos cidadãos afro-americanos. Greaves e o seu filho, David, documentaram ainda o primeiro combate entre Muhammad Ali e Joe Frazier, em Dezembro de 1970 (The Fight, 1973).
Nas palavras de Scott MacDonald, da vasta obra de “experiências que William e Louise Greaves produziram para honrar o seu compromisso de ajudar o público cinéfilo a tornar-se mais consciente da história e da diversidade da cultura moderna”, o Doclisboa e a Cinemateca vão exibir, além dos já mencionados, filmes como The First World Festival of Negro Arts (1966), Space for Women (1981) e o filme-ensaio Symbiopsychotaxip
Começou a caminhar nos alicerces de uma sala de cinema, cresceu entre cartazes de filmes e película. E o trabalho no meio audiovisual aconteceu naturalmente, estando presente desde a pré-produção até à exibição.