Cinema: O Último Animal – Crítica
O Último Animal tenta ser o derradeiro filme de Lionel Vieira. Mas será que o é?
Aquando da antestreia de O Último Animal, Lionel Vieira revelou que este filme se tratava de um trabalho com mais ou menos doze anos de idade. Estava na sua mente e foi escrevendo, escrevendo e escrevendo, até conseguir financiá-lo, realizá-lo e lançar para o mercado cinematográfico.
A verdade é que temos aqui um retrato cru, duro, mas, ao mesmo tempo, muito bonito de como funciona o Rio de Janeiro, as suas paisagens paradisíacas, o mundo das favelas e, não menos importante, a história do Jogo do Bicho, a lotaria ilegal mais jogada em todo o mundo.
A história que nos é contada é feita de vários ângulos diferentes: temos a história de Didi (interpretado por Junior Vieira) que tenta sair da favela em que o irmão é o dono do morro; a vida de Paulinha ( Gabriela Loran num papel magnifico) que se acaba por interlaçar com a de Alex (Duran Fulton Brown), um contabilista viciado em cocaína e, a mais importante de todas, porque acaba por interligar todas estas histórias, a do “Portuga” Dr.Ciro (interpretado por Joaquim de Almeida, num papel que originalmente estava a ser escrito para Nicolau Breyner), que se trata do “bixeiro”, ou seja, quem controla o Jogo do Bicho e, por consequência, alguma da atividade criminosa que acontece no Rio de Janeiro.
Temos aqui o plano de fundo para uma história que dura mais ou menos uma hora e quarenta minutos capazes de fazer qualquer um ficar deslumbrado com o que está a ver no ecrã. Nota-se perfeitamente que a história passou por vários estágios e que, ao mesmo tempo, os atores foram escolhidos a dedo e acolhidos por Lionel Vieira para fazer o melhor filme possível.
No entanto, também convém admitir que existem certos momentos que se tornam desnecessários ao longo do filme. Parte da história de Paulinha, por exemplo, é feita à volta de uma Escola de Samba, que tem uma certa importância para a história do Jogo do Bicho, mas, o destaque dado a estes momentos são totalmente desnecessários, podendo ser utilizados como fundo, mas apenas para isso. Excetuando pequenos momentos como estes, sinto que o sotaque forçado de Joaquim de Almeida é algo que não encaixou bem comigo, por alguma razão.
Gostava, no entanto, de fazer um apelo ao leitor. Se tiver curiosidade, aproveite para ver este filme no cinema. A experiência é inacreditável e, para filmes como este, existe sempre algum espaço para ir ver cinema português. Principalmente quando é de uma qualidade tremenda como este.
Resta concluir que, O Último Animal não é o derradeiro filme de Lionel Vieira, mas, está muito perto de o ser. Sinceramente fico curioso para ver aquele que levará este título.
Nota: 8/10
O Último Animal está disponível nas salas de cinema nacionais
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.