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Cinema: Crítica – Variações (2019)

35 anos após a sua morte continuamos a cantarolar as suas canções memoráveis e transcendentes às várias gerações. Chegou então a vez de António Variações ter direito ao seu filme bio-pic, uma adaptação que pretende relembrar o icónico cantor e aumentar os espetadores de cinema português. Será que acertaram?

Realizado por João Maia e produzido pela David & Golias, Variações conta a história de como um barbeiro emigrante, filho de camponeses, regressou a Portugal e conquistou o seu sonho de cantar.

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Mergulhado na sua solidão e envolvido por uma sociedade intolerante e hostil, António (Sérgio Praia) destacava-se constantemente pelo seu look invulgar, o que se tornou numa vantagem quando decidiu criar o grupo Variações e chamou à atenção do seu futuro manager.

Influenciado pela musicalidade de Amália, cuja é constantemente mencionada a nível visual e sonoro, António começou a criar as letras que lhe surgiam em sua casa num simples gravador, faltando-lhe somente o ritmo necessário que foi aprendendo quando formou a sua banda.

Oscilando entre a vida de barbeiro e cantor, o filme consegue assim criar um tributo aos emigrantes devido ao longo período que António passa longe de casa, primeiro em Angola no serviço militar e depois Amesterdão e Londres, à cultura portuguesa pela extremo cuidado em representar visualmente esta época passada e, principalmente, ao amor.

Amores estes que estão bastante bem introduzidos na narrativa com paixões deixadas no passado, mas inevitavelmente encontradas no futuro sem possível escapatória emocional para o protagonista e em que conhecemos duas figuras marcantes na vida de Variações, Fernando (Filipe Duarte) e Rosa Maria (Victoria Guerra). Além disto, António tornou-se numa figura marcante portuguesa para a comunidade LGBT pela sua luta diária contra as rupturas do seu verdadeiro eu.

Já não bastava a veracidade de Sérgio Praia em todas estas fases de António, mas vai para além disso e usa a sua surpreendente voz para recriar as várias músicas do cantor. De realçar a “Toma o Comprimido” que surge cerca de 3 vezes e a “Canção de Engate” que contém um arranjo musical novo e verdadeiramente fascinante e memorável.

Por fim, João Maia combina elementos visuais num tributo eficiente e com as respirações de tempo necessárias para transparecer cada sentimento do protagonista. Variações é sem dúvida um filme a não perder pela sua qualidade individual estética e narrativa, bem como sobre um indivíduo marcante na História do País e da cidade lisboeta.

  • Variações estreia a 22 de agosto em mais de 60 salas nacionais. A banda-sonora, editada pela Sony Music Portugal, estará disponível dia 23.

7/10

Tiago Ferreira

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