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Cinema: Crítica – MadS

Acompanhando a modernização da nova vaga do cinema de terror francês está o mais recente filme de David Moreau com MadS, numa viagem alucinante de género.

O cinema francês de género sempre foi um do braços adjacentes mais impressionantes para fãs, explorando algumas temáticas com uma sensibilidade europeia, com uma liberdade ainda mais criativa que os britânicos ou até dos nórdicos; algo testemunhado pela nova vaga do terror francês que impulsionou vários cineastas na primeira década do milénio. Entre um dos cineastas considerados nessa vaga está David Moreau, que em 2006 estreou Them, co-realizando com Xavier Palud. Quase duas décadas depois, Moreau regressa a solo ao grande ecrã com MadS.

Conhecemos Romain (Milton Riche), um jovem cuja aventura é acompanhada a partir da visita ao seu traficante de drogas, que foi comprar antes de ir para a festa da sua vida. No entanto, a caminho de casa, este acaba por encontrar uma mulher ferida na estrada, e a sua noite acaba por ser uma inesquecível.

Exibido em plano contínuo, o espectador age como uma personagem invisível, meramente como um observador ao caos que vai desenrolando ao longo da obra, através de um conjunto de situações que, no fundo, integram-se neste dia intenso de Romain e aqueles que lhe rodeiam. Somos levados como um parceiro, num filme que leva e muito bem o conceito de faux documentário à distância, arriscando muito em não contar a sua história de forma tradicional.

Importa referir que Romain não é propriamente uma boa pessoa, mas nada no mundo lhe preparou para o que iria passar, juntamente com os seus amigos idiotas, que existem no cúmulo da sociedade actual. É no vazio da mentalidade do sexo, festas e drogas, que não estas personagens não são aqueles que mais torcemos para o sucesso. É um sentimento muito niilista, mas há uma ingenuidade fascinante como tudo acontece em frente dos nossos olhos.

Há uma certa curiosidade e intriga que MadS deixa, não só como a história é mostrada e contada, como também perdura a ideia que tudo pode acontecer, com a nossa atenção a ser puxada sem limites, para algo aterrador, que quase nos induz a nós numa espécie de trip.

Assim, MadS é uma obra intrínseca sobre o uso de drogas, mas também de um realizador ainda a tentar deixar o seu impacto num movimento onde o mesmo é frequentemente mencionado. É um filme que corre os riscos certos, numa temática relativamente popular, mas a sua ambiguidade por vezes cria mais caos e distrai-nos de uma experiência envolvente, que mais ou menos cativa o seu lugar no cinema moderno. 

Nota Final: 6/10

MadS foi exibido na 22ª edição do IndieLisboa.



Ricardo Du Toit

Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.

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