Cinema: Amigo Imaginário – Crítica

Em 2023, os fãs receberam em M3GAN uma nova cara do terror. Será que Amigo Imaginário terá o mesmo efeito em 2024?

O conceito de amigo imaginário (falando agora do conceito em si e não do filme) é algo que o cinema norte-americano tem tendência em embelezar. A ideia de ter um amigo que não existe, mas que está sempre presente alimenta o fascínio de muitas crianças e acaba por envolver traços de psicologia. No entanto, Amigo Imaginário (agora falando do filme) tenta dar uma ideia maligna em relação a esse tema.

Neste filme, DeWanda Wise apresenta-se como Jessica, uma mulher que regressa à sua casa de infância com sua família, nomeadamente o marido e as enteadas. A sua enteada Alice encontra um urso chamado Chauncey e acaba por se agarrar a ele e explica a existência de um amigo imaginário. No entanto, o que começa como uma brincadeira inocente toma um rumo sombrio à medida que o comportamento de Alice (Pyper Braun) torna-se cada vez mais errático, influenciado pelo aparentemente malévolo Chauncey.

Contado assim, a história pode parecer básica. No entanto, contém algumas camadas. Por um lado, temos a questão de suspense em que não sabemos o que Chauncey realmente é. Será um amigo imaginário? Será uma entidade? Ou será que é apenas fruto da imaginação? Por outro, temos a relação entre Jessica e as suas enteadas. A tentativa de ser uma mãe presente, quando estas são fruto de outra relação, acaba por criar uma espécie de drama familiar pelo meio do filme.

Em termos de terror, no entanto, o filme acaba por brilhar bastante. Além da questão de não entendermos bem o que aquele urso de peluche é, os visuais que nos vão sendo apresentados e alguns momentos de tensão são bastante bem construídos, principalmente na ponta final do filme, em que vemos algumas situações capaz de arrepiar a espinha a qualquer um. Quero também dar destaque a Gloria (interpretada por Betty Buckley), que nestes momentos faz com que ainda consigamos ficar mais tensos.

Porém, é no terror que o filme falha um pouco. Sei perfeitamente que os jumpscares são uma mistura perfeita. No entanto, a forma como são utilizados neste filme podem fazer com que os espectadores fiquem saturados, já que são muito previsíveis. Além disso, o ritmo do filme pode parecer lento às vezes, e a resolução do mesmo, embora satisfatória, pode deixar alguns espectadores á espera de mais, principalmente por conta de alguns flashbacks que podem parecer desconexos.

Resta concluir que, Amigo Imaginário é um filme de terror bastante interessante. Não é uma obra-prima atenção, mas com um bocadinho mais de trabalho e exploração, Chauncey pode voltar em força.

Nota: 6/10