Curtas de Vila do Conde

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Análise: Moonshadow (ed. brasileira Pipoca e Nanquim)

Moonshadow, a obra prima de J.M.DeMatteis e Jon J.Muth ainda com as participações de Kent Williams e George Pratt, elevou para outro patamar a banda desenhada direccionada para um público mais adulto, sendo provavelmente a história “coming of age” mais famosa do meio.

Moonshadow

Na história conhecemos e seguimos a vida de Moonshadow, que faz de narrador.

Ele é um jovem romântico e sonhador que nasceu de uma relação entre uma humana (a sua mãe hippie de nome Sunflower) e um ser alienígena com os poderes de um Deus que pertence a uma raça de esferas flutuantes enormes com um sorriso irónico e misterioso pois pouco se sabe sobre eles.
 
Por algum motivo andam pelo universo a abduzir as mais diferentes espécies intergalácticas para as prender num jardim zoológico espacial. As esferas aparecem e desaparecem conforme lhes apetece e são conhecidos como os Des-Mesu, um trocadilho bem executado das palavras “Sem Deus”, já que no original em inglês a tradução se dá por G’L – Doses derivando de Godless . 
 
Sendo um destes seres o pai do protagonista e sem nunca se saber a razão da união entre a humana que deu este fruto, a verdade é que ele decide libertar os dois do  zoológico onde estão, deixando-os conhecer o cosmos a bordo de uma nave espacial. 
 
Além da mãe e filho, juntam-se na nave, o fiel gato de estimação Frodo, e uma das personagens secundárias mais interessantes de sempre. Falo de Ira, o melhor amigo de Moonshadow, um alienigena que posso caracterizar como uma espécie de “chewbacca” no aspecto físico mas que é um degenerado, pervertido, egoísta, egocêntrico e um mal humorado crápula que só pensa em sexo e bebidas alcoólicas. 
 
Moonshadow
 
Moonshadow, que só foi adquirindo o seu conhecimento da humanidade através de uma gigantesca biblioteca fornecida pelo pai, vai descobrir que na realidade, tudo é muito diferente do que colheu nos seus livros .
 
Beneficiará muito da leitura quem tiver conhecimento prévio dos grandes clássicos da literatura mundial, pois são bem claras muitas influências  e paralelismos de DeMatteis com as obras de escritores como Tolkien, Charles Dickens, Dostoievski, Kurt Vonnegut, Lewis Carrol ou mesmo gostos musicais como os Beatles.
 
O argumento é bastante onírico, poético, intenso e muito sensível.. A história cresce com o protagonista e chega a um epílogo maravilhoso. 
 
Moonshadow faz a autodescoberta ao mesmo tempo que vai descobrindo e discutindo nas suas aventuras e viagens os diferentes temas como : politica, sexo, guerra, filosofia, religião, vida e morte.
 
A arte de Jon J. Muth é sublime e excepcional. Diria mesmo divinal, como se o próprio Des-Mesu o tivesse dotado de tais capacidades e atributos. Desde a organização das vinhetas, as esplendorosas “splash pages”, a coloração fantástica e o jogo de luzes estonteante ou a capa deste livro que para mim é um hino à ilustração.
 
Moonshadow
 

Esta leitura foi feita no português do Brasil, na segunda edição e reimpressão da editora brasileira Pipoca e Nanquim. 

Posso referir que a edição portuguesa esteve perto de acontecer pela editora G-Floy Estúdios Portugal, mas por motivos financeiros não achou viável fazer por cá a edição, pois infelizmente, acharam que o livro ficaria muito dispendioso e teria de ser vendido com um preço muito alto para o nosso mercado. 
 
Assim sendo , posso recomendar esta solução que se assemelha bastante à versão em inglês da Dark Horse. A editora Pipoca e Nanquim fez algumas alterações nesta reedição para manter o mesmo preço de venda ao público, pois também no Brasil se fez sentir, e muito, a subida de preços. Um esforço que é de louvar por parte da editora.
 
Manteve-se a capa dura com acabamento de luxo e verniz localizado, a lombada passou de redonda a quadrada com uma encadernação exemplar e miolo cosido categoricamente. Retirou-se a fita marcadora de páginas em tecido e o único pecado encontra-se no papel.
 
Ao papel brilhante  foi-lhe retirado bastante gramagem o que torna as páginas meio translúcidas , os desenhos por detrás das folhas tornam-se perceptíveis ao manusear o que é um grande defeito. 
 
Moonshadow
 
Tirando isso, a edição é excelente, além de compilar as 12 edições originais da minissérie, traz como extras um prefácio de DeMatteis, páginas originais do roteiro e ideias preliminares desta épica história de fantasia e ficção. A cereja no topo do bolo é ainda a inclusão do conto ilustrado “Adeus, Moonshadow” que os autores fizeram anos depois, e que se passa também anos após o término da saga com um Moonshadow mais velho. 
 

Um conto de fadas para adultos que deve imperativamente fazer parte da coleção de qualquer bedeteca ou biblioteca que se preze. 

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