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Serum: será este o filho ilegítimo de Fallout e Green Hell?

Serum
Serum

Fallout e Green Hell vão ter um filho com chegada anunciada para o 2.º trimestre de 2024. O Central Comics experimentou a demo de Serum — eis o que vimos.

O que é Serum?

Serum é um jogo de ação e sobrevivência com elementos de RPG e uma linha narrativa vincada.

A Toplitz Productions assegurou os direitos de distribuição deste jogo a ser desenvolvido pela Game Island, que promete inovar o género com mecânicas originais numa aventura imersiva que pode ser jogada a solo ou em co-op.

Novas mecânicas.

Asterisco

Começo o artigo com um disclaimer, mas não se assustem, já que o faço apenas porque há quem leia antevisões de demos como quem lê análises de jogos em versão 1.0, mais ou menos como os vendedores de seguros nos centros comerciais interpretam a frase «bom dia» como «sim, claro que quero ouvir-te falar durante 45 minutos para comprar o teu produto financeiro e, já agora, toma um rim». Posto isto, e antes de passar ao que me entusiasma em Serum, vou falar-vos de alguns problemas que encontrei e sobre como, para mim, são irrelevantes nesta fase pré-alfa de desenvolvimento do jogo.

Ao jogar, deparei-me com falhas de desempenho que, embora tenham melhorado ligeiramente após diminuir a resolução e a qualidade geral dos gráficos, não desapareceram. O mundo também ainda é um pouco limitado e não temos acesso a certas áreas por esbarrarmos contra barreiras invisíveis, além de que a IA é muito pobre — por exemplo, houve uma parte em que fui perseguido por três lobos mutantes e consegui matá-los com um machado porque… saltei para trás de um calhau e eles não se lembraram de o contornar.

É isto. Porque é que isto não é importante? Porque o jogo está numa fase de desenvolvimento que serve precisamente para corrigir este tipo de problemas. Então porque é que o menciono? Porque, tal como não faz mal fazer xixi nas calças aos 3 anos, mas pode ser um problema aos 30, também aqui não faz mal isto acontecer em pré-alfa, mas pode arruinar o jogo se não for corrigido.

Work in progress.

Serum à primeira vista

Assim que comecei a jogar Serum, senti imediatamente umas vibes de Green Hell, no sentido em que estamos a participar numa expedição especial (neste caso, uma experiência científica) que corre mal e queremos voltar para junto da nossa família. Para tal temos de domar o ambiente selvagem que nos rodeia. Contudo, as mecânicas RPG de ficção científica pós-apocalíptica e o sistema de crafting remeteram-me também para Fallout.

Até aqui, a fórmula parece vencedora, mas há mais. O jogo não se limita a emular o que já foi feito, mas também nos apresenta um conjunto de novas mecânicas que conferem a Serum a sua própria personalidade. E penso que é aqui que está a maior promessa de Serum: personalidade. É raro encontrar uma atmosfera assim tão imersiva num jogo que ainda se encontra numa fase de desenvolvimento tão precoce — a história é convivente, o contexto é interessante, os personagens são realistas e os inimigos são aterradores.

À primeira vista, diria que temos jogo!

Inimigos aterradores.

História de Serum

Antes de começar, passamos por uma espécie de prólogo em que estamos a falar com a nossa esposa e percebemos que estamos envolvidos num programa de testes clínicos para ganhar dinheiro de forma a podermos pagar o tratamento do nosso filho gravemente doente.

Começamos o jogo ao acordar num túnel, sem memória do que aconteceu. Após uma curta exploração, encontramos um rádio que nos coloca em contacto com um tipo que nos vai orientando no que temos de fazer para sobreviver.

O mundo de Serum é selvagem e implacável, mas depressa descobrimos que não somos os primeiros a enfrentá-lo, já que outra cobaia passou por lá antes de nós e deixou tudo mais ou menos preparado para a nossa chegada. À medida que vamos progredindo, encontramos uma série de notas deixadas pelo nosso antecessor que nos vão apresentando o lore do jogo.

Sem grandes spoilers, posso dizer-vos que nesta realidade alternativa, a certo ponto, surgiu uma praga incurável que ameaça a Humanidade — o programa de testes em que estamos envolvidos serve precisamente para encontrar um soro (daí Serum) capaz de reverter os seus efeitos letais. Durante os testes, algo corre mal e a própria cura ameaça ser mais mortífera que a praga, com profundos efeitos secundários. Porém, a composição do nosso ADN revela ser resistente aos efeitos mais nefastos do soro, e conseguimos até desenvolver poderes especiais quando o tomamos. O problema é que passámos a depender dele para sobreviver.

O nosso derradeiro objetivo é escapar das instalações da farmacêutica encarregada de desenvolver o soro para voltarmos para junto da nossa família, enquanto enfrentamos inúmeras ameaças mutantes.

Um caminho para casa.

Jogabilidade de Serum

Com o contexto descrito na secção acima, é compreensível presumir que o loop de Serum segue a receita habitual dos survival de ação. No entanto, aqui, o curso desvia-se do normal, já que não temos as necessidades habituais de comer e beber. Em Serum, o nosso sustento é o terrível soro, que é tanto uma maldição, já que temos de o tomar de regularmente sob risco de morrer, como uma bênção, já que nos confere os poderes necessários para derrotar certos inimigos e aceder a determinadas áreas.

Além deste aspeto único de Serum, o jogo também nos oferece as habituais mecânicas de crafting, em que temos de recolher e reciclar recursos para criar equipamento progressivamente melhor, com o acrescento de que também temos a vertente de receitas de soro, em que podemos experimentar várias combinações de ingredientes de forma a descobrirmos a que melhor serve os nossos propósitos, seja resistir a um nevoeiro tóxico, ganhar mais minutos de independência do soro, ou apenas ter força suficiente para esmagar o crânio de uma medonha ratazana com tentáculos venenosos.

O soro.

Gráficos e som de Serum

A atmosfera criada pela combinação de gráficos e arte envolvente com os sons e a música que acompanham a ação no ecrã é fenomenal. Claro que existem retoques a fazer, mas ambos são incrivelmente imersivos tal como estão, conferindo a Serum a tal personalidade que referi acima.

Uma atmosfera imersiva.

Hasta la vista?

Apesar de ter apenas experimentado uma pequena demo de pouco mais de 1 hora, fiquei convencido com o conceito e empolgado com aquilo que me foi apresentado. Serum vai permanecer, sem qualquer dúvida, na minha whishlist e mal posso esperar para experimentar uma versão mais completa do jogo.

Contudo — e perdoem-me, mas tenho de o referir novamente — os problemas que referi têm obrigatoriamente de ser abordados e corrigidos. Este é inequivocamente um artigo de louvor a Serum, mas não terei qualquer problema em arrasar este título se me deparar com estes problemas numa versão vendida ao público, mesmo que seja em acesso antecipado. Se isso acontecer, prometo que não há soro nem vaselina que salvem Serum da minha crítica negativa.

Trailer de Serum:

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