Jogos: System Shock – Análise
O clássico de culto System Shock regressa e, na Nintendo Switch 2 mistura o que o tornou brilhante, fricção e ideias estranhas de controlo numa revitalização inquieta.
Jogo: System Shock
Disponível para: PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Nintendo Switch , Nintendo Switch 2, Xbox One, Xbox Series
Versão testada: Nintendo Switch 2
Desenvolvedora: Nightdive Studios
Editora: Atari, Nightdive Studios
System Shock sempre foi um jogo desconfortável, no melhor sentido possível. Na Nintendo Switch 2, o remake da Nightdive chega com todas as suas arestas intactas, colocando-nos novamente dentro da Citadel Station, sozinhos, subequipados e claramente à mercê de SHODAN.
A premissa mantém-se intemporal. Passado em 2072, assumes o papel de um hacker sem nome que, de forma imprudente, aceitou lobotomizar o núcleo moral de uma IA. Após seis meses em coma, acordas numa estação espacial dominada por horrores cibernéticos e por uma inteligência artificial com complexo de deus. SHODAN não é apenas uma vilã; é o ambiente, a voz na tua cabeça, a ameaça constante que dá peso a cada corredor silencioso.
A exploração é lenta e deliberada. A narrativa é ambiental, transmitida através de perturbadores registos áudio e do design dos níveis, em vez de cutscenes. O combate é funcional, por vezes propositadamente desajeitado. A escassez de munições empurra-te para confrontos corpo a corpo, enquanto o inventário em grelha te obriga constantemente a tomar decisões difíceis. Levas itens de cura, células de energia ou sucata para reciclar em créditos? Essa fricção é o próprio jogo.
A progressão aposta em sistemas leves de RPG através de melhorias via USB, mobilidade aumentada, mapeamento automático, acesso biométrico. Muitas destas melhorias consomem energia, criando uma tensão permanente entre poder e sobrevivência. Estás sempre a gerir sistemas, a ativar e desativar capacidades, a planear com antecedência. System Shock exige atenção e raramente pede desculpa por isso.
O ciberespaço é onde as coisas ficam estranhas, no bom sentido. Estas sequências de hacking transformam o jogo num labirinto digital psicadélico e de alta velocidade, que parece um artefacto perdido do cinema de ficção científica dos anos 90. São desorientadoras, ruidosas e estranhamente emocionantes. Importa referir que também correm a uns sólidos 60 fps, algo que não se pode dizer do resto do jogo.
O desempenho na Switch 2 é o elefante na sala. Embora os visuais em modo docked sejam nítidos e a mistura estética de modelos de alta densidade poligonal com texturas pixelizadas funcione, as quebras da taxa de fotogramas são frequentes. A exploração apresenta solavancos, o combate sofre e a mira pode parecer instável. Estes problemas persistem independentemente da localização de armazenamento.
Resta concluir que, System Shock é um clássico brilhante e exigente, travado pela fricção técnica.
Nota: 6,5/10
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.





