Jogos: Split Fiction – Análise
Split Fiction é uma experiência cooperativa que se reinventa a cada passo, fundindo a narrativa de ficção científica e fantasia numa aventura fluida.
Jogo: Split Fiction
Disponível para: PC, PlayStation 5, Xbox Series
Versão testada: PlayStation 5
Desenvolvedor: Hazelight Studios
Editora: EA
É com grande emoção que digo que a Hazelight Studios está de volta e, desta vez, superou-se a si própria. Seguindo os passos de It Takes Two e A Way Out, a Hazelight prova mais uma vez que a magia dos jogos cooperativos está longe de desaparecer com a sua nova aventura, Split Fiction.
Split Fiction conta a história de duas escritoras em dificuldades, Mio Hudson e Zoe Foster, que não podiam ser mais diferentes. Mio é uma entusiasta da ficção científica, que prospera no ritmo frenético da cidade, enquanto Zoe prefere o charme mágico da fantasia e a tranquilidade do campo. Os seus caminhos cruzam-se quando uma empresa tecnológica duvidosa, a Rader Publishing, as engana para se apropriar das suas ideias criativas. As coisas rapidamente saem do controlo quando são conectadas a uma máquina projetada para roubar as suas histórias—só que um erro inesperado funde os seus mundos ficcionais.
O que se segue é uma viagem através das suas imaginações combinadas. De paisagens cyberpunk iluminadas por néon a castelos flutuantes de fantasia, o jogo leva os jogadores por um percurso visualmente deslumbrante e narrativamente envolvente. À medida que Mio e Zoe navegam por estes mundos, a sua dinâmica evolui. Inicialmente em conflito, a sua amizade aprofunda-se à medida que aprendem a valorizar as perspetivas uma da outra, proporcionando uma exploração genuinamente tocante sobre expressão artística e crescimento pessoal.
Como já é tradição na Hazelight, Split Fiction é uma experiência totalmente cooperativa, exigindo trabalho em equipa e coordenação. Quer seja jogado localmente ou online, cada nível requer que os jogadores colaborem utilizando habilidades únicas. Os gadgets tecnológicos de Mio—como uma katana laser e uma mota antigravidade—contrastam perfeitamente com as habilidades mágicas de Zoe, incluindo um chicote gravitacional e criaturas metamórficas. Cada nível introduz novas mecânicas que evoluem com a história, garantindo que a jogabilidade nunca se torne monótona.
Por exemplo, numa missão cyberpunk, Mio usa a sua katana para se teletransportar entre plataformas infestadas de inimigos, enquanto Zoe manipula objetos com o seu chicote gravitacional. Mais tarde, num mundo de fantasia, Zoe controla vinhas encantadas para criar passagens, enquanto Mio utiliza um jetpack mecânico para atravessar o terreno. Este equilíbrio de habilidades assegura que ambos os jogadores se mantenham envolvidos e que nenhuma tarefa se torne repetitiva.
As batalhas contra chefes em Split Fiction são simplesmente espetaculares. Vão além da tradicional fórmula de três fases, frequentemente incorporando mecânicas dinâmicas e reviravoltas inesperadas. Um dos confrontos mais marcantes envolve uma perseguição de alta velocidade num carro voador que se transforma num duelo cinematográfico em câmara lenta—um momento digno de um filme de ação.
As missões secundárias, por sua vez, oferecem diversões criativas e bem-humoradas. Desde um desafio de poções que transforma os personagens em nuvens de tempestade até uma corrida futurista ao estilo SSX na neve, estas atividades opcionais acrescentam profundidade e fator de rejogabilidade. Estão também repletas de referências inteligentes aos videojogos e à cultura pop, tornando a exploração ainda mais gratificante.
Se há um ponto onde Split Fiction tropeça, é no seu antagonista, Mr. Rader. O arquétipo do vilão corporativo não é, por si só, um problema, mas as motivações de Rader parecem genéricas e a sua presença nunca atinge o nível de brilhantismo do resto do jogo. O seu papel serve mais para impulsionar a narrativa do que para se tornar um adversário verdadeiramente memorável.
Visualmente, Split Fiction é deslumbrante. Utilizando o Unreal Engine 5, a direção artística mistura perfeitamente o néon cyberpunk com paisagens de fantasia etérea. Cada mundo tem uma identidade própria, mas a transição entre eles é fluida, tornando cada momento uma experiência visual arrebatadora.
A banda sonora é igualmente impressionante, alternando entre sintetizadores vibrantes para as secções de ficção científica e orquestrações épicas para os momentos de fantasia. Os compositores Gustaf Grefberg e Jonatan Järpehag criam uma paisagem sonora dinâmica que complementa na perfeição as mudanças de tom do jogo. Por sua vez, a atuação de voz é excecional—Elsie Bennet (Zoe) e Kaja Chan (Mio) dão vida às personagens, equilibrando humor e profundidade emocional com maestria.
Resta concluir que Split Fiction não é apenas mais um jogo cooperativo—é uma verdadeira lição de narrativa interativa. A Hazelight criou uma experiência que não só é divertida e inovadora, mas também profundamente significativa. Embora o jogo possa não ser muito acessível para iniciantes devido às suas mecânicas desafiantes, aqueles que se aventurarem encontrarão uma jornada inesquecível, repleta de emoção, humor e criatividade.
Nota: 10/10
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.