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Jogos: LEGO STAR WARS: The Skywalker Saga – Análise

O universo Star Wars regressa aos videojogos, mais LEGO que nunca!

Foi em 2005 que primeiro vimos o mundo LEGO Star Wars nas consolas. Desde então, o estúdio Traveler’s Tales tem vindo a crescer exponencialmente, entregando produtos de qualidade cada vez maior nas suas recriações em LEGO de universos como Batman, Marvel e Indiana Jones.

No entanto, após LEGO Star Wars: The Force Awakens, os restantes filmes da nova trilogia Star Wars ficaram por adaptar, pelo menos até surgir o anúncio de Skywalker Saga.

A espectativa era imensa, este seria o último capítulo da franquia que começou a relação de TT Games com a LEGO, as comparações entre esta aventura e as do passado seriam inevitáveis. Durante 15 anos a empresa continuou a crescer e as suas técnicas e abordagens aos universos LEGO também.

É por isso que tenho um enorme prazer em dizer que sim, conseguiram corresponder a essas mesmas expectativas.

Vejam a seguir o nosso gameplay:

Jogar LEGO Star Wars: The Skywalker Saga é como comer uma saborosa refeição preparada pelos nossos pais ou mais queridos amigos após meses de pizzas do supermercado e massas de atum. É um sabor do qual já não nos lembrávamos, mas nunca nos conseguiríamos esquecer, e sabe tão bem como quando provámos pela primeira vez.

Há imensa coisa a dizer, portanto, a fim de manter o texto breve e organizado, vamos a Prós e Contras.

PRÓS:

O ARGUMENTO- A não confundir com a história, o argumento mantém-se espirituoso e divertido, mas mais que isso é uma grande prova de amor pela parte da equipa que o produziu. As piadas não ofuscam nem perturbam a história da série, complementam-na com o jovial e simples humor ao qual estávamos habituados, muitas vezes ocorrem em segundo plano, mas tantos outros são momentos chave dos filmes recriados de forma divertida e, até certo ponto, mais facilmente digerida pelo público mais jovem. O ponto alto do argumento vemo-lo no Mumble Mode. Outrora estes jogos eram mudos e o humor slapstick era acompanhado por característicos grunhidos, grunhidos esses que regressam finalmente como opção no menu e podem ser aplicados a qualquer momento do jogo. Dessa forma vemos que as piadas muitas vezes não precisam do texto para funcionar, não obstante a forma como o mesmo muitas vezes as enaltece. Com isso em mente, por vezes este modo pode ser exagerado, estando os grunhidos bastante mais presentes do que nos jogos originais.

OS ATORES- O elenco é principalmente formado pelas vozes que representaram estas personagens nos mundos da animação e dos videojogos, no entanto certos atores como Billy Dee Williams e Anthony Daniels regressam para mais uma vez interpretarem os seus clássicos personagens.

A COLEÇÃO- Os jogos LEGO da Traveler’s Tales sempre se focaram na coleção, desdas studs, pequenas e coloridas peças LEGO espalhadas por todo o lado, aos Minikits, cápsulas que incluem partes de modelos disponíveis na galeria. As Studs continuam desarrumadas pelos mapas todos, mas os Minikits foram mudados, agora os modelos construídos são todos veículos e podem ser utilizados durante Free Play. O jogo adiciona ainda os Kyber Bricks, utilizados para desbloquear habilidades e upgrades, bem como os Datacards que permitem desbloquear multiplicadores de moedas e o modo baguete, entre outras alterações que tornam o jogo mais eficiente de completar ou divertido de jogar. Skywalker Saga representa o melhor dos collect-a-thons na quantidade de tralha espalhada e divertida de apanhar nos vários níveis e hubs do jogo.

O GAMEPLAY- A jogabilidade evoluiu também, agora os personagens estão separados por sub-categorias com diferentes habilidades, entre o acesso a certos painéis, passagens, e claro, o uso da Força, todas as personagens tem a sua utilidade e as suas mecânicas especificas. Personagens com sabres-de-luz estão agora aptos para executarem estupendos combos, o afeto e dedicação que os fãs têm mostrado a estas técnicas são especialmente visíveis nas redes sociais e, em alguns casos, remontam até aos mais audazes malabarismos de adversários da franquia Devil May Cry. Por outro lado, personagens com blasters recebem um sistema de tiro em terceira pessoa por cima do ombro, simples e eficaz, inclui ainda pequenas barreiras que se podem destruir e reconstruir durante longos tiroteios, com mecânicas de snap to cover  e  parkour embutidas. Para além disso, Skywalker Saga expõe-nos a imensas instâncias de Free Roam entre missões, transportando-nos a detalhados planetas e convidando-nos a colecionar alguns Kyber Bricks ou outros que tal entre missões.

O MAPA- Embora não seja Open World, esta galáxia distante é um deleite de navegar. Todos os planetas têm pelo menos um par de áreas para explorar, os mais densos como Tatooine conseguem ter meia-dúzia. Estas áreas são divertidíssimas de explorar e interligadas tanto naturalmente como através de sistemas de fast travel como os táxis. Interplanetáriamente, o jogador poderá embarcar uma nave e viajar entre sistemas recorrendo ao hiperespaço. O mapa galáctico é surpreendentemente fiel ao canon e, para os mais apressados, o jogo disponibiliza ainda fast travel através do holo-projetor, um dos seus menus.

O CO-OP- Skywalker Saga joga-se melhor a dois, tal como os predecessores. O co-op local(único disponível, pelo menos por agora), torna o jogo uma experiência muito mais divertida, quer os jogadores estejam a resolver puzzles juntos, a lutar uns contra os outros ou apenas a divertir-se enquanto espatifam os mapas.

OS VISUAIS- Consegui passar uns valentes minutos no primeiro nível a tentar perceber o que era LEGO e o que não era. Pelos mapas e missões fora, os objetos manipuláveis ou destrutíveis são distintos, mas nem sempre fáceis de diferenciar. Embora não seja fã da sujidade presente em alguns modelos, percebo a importância para o realismo dos visuais, nesse aspeto há momentos em que se torna difícil distinguir o jogo das nossas coleções de figuras e peças. Por fim, continuo a apoiar os veículos serem todos construídos com peças reais, há aqui algumas naves e Minikits que estou ansioso por replicar quando tiver tempo e peças!

LEGO Star Wars: The Skywalker Saga

CONTRAS:

A COLEÇÃO- Uma das primeiras habilidades desbloqueadas é o detetor de colecionáveis e, logo que o desbloqueei o jogo tornou-se um bicho de sete cabeças. Não tenho rodeios em assumir que foi o que atrasou o lançamento desta crítica. Quando gosto de um jogo e vejo aquela “platina” ao longe, começo logo a trabalhar para lá chegar, já é assim desde Donkey Kong 64. Ativei o radar de segredos e podem ter a certeza, mais de metade do meu tempo no jogo foi no free roam entre missões a apanhar tudo, motivado ainda pela confusão de setas vermelhas espalhadas pelo ecrã. A culpa é minha, mas sinto que um poder destes devia estar trancado atrás de um Datacard, por outro lado os mapas são relativamente extensos e os Kyber Bricks e Datacards podem ser por vezes difíceis de encontrar. Por outro lado, certos momentos entre missões poderão privar-nos do nosso elenco de figuras, limitando-nos aos canonicamente presentes, o que exigirá aos colecionadores uns quantos regressos a certos planetas, algo que não é tão mau quanto é frustrante, mas quando um jogo é bom quanto mais horas de jogo houver melhor. Isto é, no entanto, negativamente impactado pelos Scavengers.
Esta categoria de personagens traz consigo a capacidade de construir certas ferramentas por vezes necessárias para visitar certos cantos secretos dos mapas, não ajuda, portanto, que o jogo só nos desbloqueie as suas ferramentas no episódio 6. Jogadores que joguem a história por ordem saem prejudicados, sendo este o principal motivador para que o jogador comece pelo episódio 7, que dá estas ferramentas logo no seu início.

O GAMEPLAY- É um “jogo para putos” e isto irrita-me. Nunca me senti desafiado durante Skywalker Saga sem ser na coleção de ‘kits e Kyber Bricks, o jogo dá-nos barras de vida intermináveis e os adversários quase não dão dano. Em tiroteios há pouca razão para não partir logo para a bolachada contra os adversários em vez de ficar junto às barreiras.

O CO-OP- A tradução fiel dos filmes é complicada quando se tem em conta que em qualquer missão terão de haver pelo menos duas personagens disponíveis, e em Skywalker Saga haverá sempre um jogador que sai a perder. Numa mão cheia de bosses, provavelmente metade, os personagens disponíveis serão “o que anda ativamente à batatada” e “o que fica ali a ajudar e a fazer puzzles”. Claro que pais não se importarão de servir de C-3P0 no climax d’”A Vingança dos Sith” enquanto os seus petizes encarnam Obi-Wan, mas não preciso da Força para prever a pancadaria entre irmãos para decidir quem será Luke e quem será R2 no confronto contra Vader em Cloud City(ou no resto do episódio V, para vos ser honesto). É também profundamente chato continuarmos no split-screen padrão depois dos split-screens dinâmicos de LEGO Batman 3. E este split-screen estático já vem de LEGO DC Super-Villains, nascido de queixas que o split-screen dinâmico era por vezes confuso ou visualmente incomodo. Embora seja melhor do que prender ambos os jogadores a um ecrã único com uma espécie de corrente invisível, e seja menos visualmente confuso que o split-screen dinâmico, o jogo só saia a ganhar com a inclusão de um meio termo que mantivesse o ecrã único e o separasse por uma simples linha vertical quando os jogadores se afastassem. Queixo-me disto mas também não sei se seria uma mudança de fácil implementação ou não, nem tenho a audácia de me insinuar primeiro a sugerir esta alteração, com isso em mente, a solução fácil era o multijogador online, especialmente perante uma situação pandémica que afastou muitas famílias ou amigos e que, volta e meia, lembra-se de piorar.

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OUTRAS COISAS GIRAS DE MENÇÃO INTERESSANTE:

-O jogo não se cansa de nos espetar aurebesh(o alfabeto mais comum da galáxia de Star Wars) no focinho. Nos ecrãs de loading a tradução é literal, as letras batem certo, mas Skywalker Saga aproveita as introduções dos bosses para escrever pequenos e divertidos subtítulos em aurebesh, nomeadamente chamar a Darth Maul “Gajo Vermelho com Mau Feitio”(Red Dude with a Bad Attitude) ou dizer que Darth Vader “Ama o Lado Negro, Odeia Areia”(Loves the Dark Side, Hates Sand). Estes pequenos momentos são grandes recompensas para os mais dedicados, um verdadeiro mimo para os fãs.

Skywalker Saga deixa-nos escolher qual trilogia queremos jogar primeiro, dando-nos acesso inicialmente ao primeiro filme de cada trilogia e desbloqueando os seguintes à medida que se termina cada um. Dessa forma consegui jogar o jogo pela minha ordem de visualização favorita. (4,5,1,2,3 e 6, para os curiosos. Se nunca os viram assim, fica a sugestão!)

-O jogo está cheio de referências a memes da comunidade e trabalho de fãs, os meus favoritos são o nome da missão “Better Call Maul”, um Kyber Brick chamado “Swing From A Hairy Vine”, a fala de Palpatine em que revela que queria chamar “Kira” à Rey e a fala de Qui Gon em que diz possuir “a particular set of skills”.

E no final de contas a pior parte é que sei que me estou a esquecer de coisas. LEGO Star Wars: The Skywalker Saga está mais recheado que aqueles baldes a abarrotar de pequenas pecinhas e figuras, contudo, como o mais complexo Falcão Milenar, elas encaixam todas na perfeição. Não é para todos e, a meu ver, a primeira patch a lançar seria uma subida opcional da dificuldade, mas fora isso, vejo aqui o potencial para muitas horas de diversão, especialmente com família e amigos.

LEGO Star Wars: The Skywalker Saga é tudo o que a TT Games prometeu, sem dúvida uma excelente aposta para os mais novos e para os fãs desta Galáxia Distante!

Classificação: 9/10

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