Central Comics

Banda Desenhada, Cinema, Animação, TV, Videojogos

Jogos: Análise – Forza Motorsport (2023)

O último Forza Motorsport foi em 2017, com a sétima entrada, pouco antes do lançamento da Xbox One X, a versão definitiva da consola da geração anterior. Desde então que a série focou-se com duas entradas do seu irmão mais colorido: Forza Horizon, que nos levou a explorar o mundo britânico em 2018 e mais recentemente o México. Nisto, Forza Motorsport 7 tem estado ali, caladinho, como o bom simulador de automóveis que é, sem muita atenção para o seu lado. Tudo isto muda agora com um pseudo-reboot da série para a nova geração e Forza Motorsport prepara-se para reinventar a sua posição como O simulador para o ecossistema Xbox – considerando que existem opções mais especializadas para jogadores de PC.

Para quem é fã de Horizon, este lado de Forza pode parecer intimidante. A liberdade do mapa e as corridas menos profissionais são aqui apresentadas como pistas com regras estritas e a ideia de travar é obrigatório para fazer bem a curva. Em muito o que ambos jogos partilham é, acima de tudo, o amor pelos carros, e pouco mais. Esta diferença é fulcral, pois o diagrama de Venn que sobrepõem os jogadores de ambos poderia ser mais pequeno. Felizmente, Forza Motorsport, com todas as suas opções de acessibilidade, demonstra-se muito aberto a todo o tipo de jogadores, sejam novatos ou profissionais, e preocupa-se em adaptar às necessidades individuais de cada um, cativando novamente esse amor por queimar borracha no asfalto.

Forza Motorsport tem dois pontos muito fortes a seu favor: os gráficos, e a jogabilidade com a física; e muito há para dizer sobre tudo o que acontece nos ecrãs, de forma fotorealista. Os diversos modos, optimizados para a Xbox Series X, Series S e PC, respectivamente, garantem que, de algum modo, estas são as melhores versões que poderão ver no vosso ecrã. No nosso caso, na Xbox Series X, com o modo Performance base escolhido, os 60fps em pleno 4K são incríveis. Essa experiência é aumentada ainda mais com o modo Performance RT, que liga todos os elementos de raytracing, e faz com que as reflexões sejam as mais fidedignas alguma vez vistas num videojogo de corridas até hoje. Basta definir uma corrida com chuva, que verão o quão longe a equipa da Turn 10 Studios conseguiu ir. É verdadeiramente impressionante o que foi atingido, e decerto que existem alguns ajustes que possam ser feitos para tornar tudo ainda melhor. 

Por outro lado, e igualmente impressionante, é a forma que sentimos o carro, onde cada curva conta e tem que ser relativamente bem calculada para não sairmos da pista, ou batermos noutros carros – aqui com consequências um bocadinho mais caras que outros jogos. Toda a física tem em conta as diferentes especificações de cada veículo, entre o peso, o tipo de pneus, a tracção, e tudo o resto; tudo determina como um carro se comporta na estrada e como nós, pilotos, devemos conduzir.

Felizmente vamos tendo muitos locais para correr, um total de 20 pistas aquando o lançamento do jogo, com a promessa de mais a chegar nos próximos meses. A grande novidade é definitivamente Kyalami Grand Prix Circuit, o circuito sul-africano, que é uma ausência frequente em videojogos, demonstrado aqui em grande esplendor. O que definitivamente não faltam são carros para conduzir nestes locais, com propostas de diversas eras, tanto carros clássicos, modernos, de estrada ou das várias classes de corrida, há sempre algo para experimentar.

É aqui que começam a aparecer os lados menos bons de Forza Motorsport. O novo sistema de upgrade de carros, em papel, soa a uma boa ideia, mas em prática, é uma confusão frustrante, que deveria ser mais uma escolha que uma obrigatoriedade; forçando-nos a conduzir durante várias horas cada carro individual, de modo a chegar ao seu nível máximo, desbloqueando todo o tipo de upgrades. Esta abordagem tem a intenção de darmos mais valor ao nosso carro e, de alguma forma, apaixonamos por ele, invés de aproveitarmos a variedade e experimentação entre diferentes veículos, uma ideia que não resulta pelo simples facto de podermos comprar um segundo carro igual com intenções de tuning diferente, e sermos forçados a subir os níveis do zero.

Ainda que neste momento não existam mais modos de corrida para além dos circuitos – os modos drift e drag poderão aparecer eventualmente – manterem esta linha de pensamento será bastante prejudicial para aqueles que não querem estar a fazer tournées quase infinitas pelos vários locais, para chegarem ao tão desejado nível 50. A ideia parece apelar para escolhermos os carros que mais gostamos, e não a necessidade de ter a maior garagem do mundo; com os jogadores mais ambiciosos a terem que despender mais de 250 horas dentro do jogo se quiserem nivelar todos os automóveis disponíveis neste momento

Um dos maiores pecados deste Forza Motorsport é a forma que o conteúdo é apresentado, com um conjunto de eventos algo limitados no modo carreira, e que novamente são encurtados pela quantidade de pistas e abordagem de nivelagem dos veículos. Considerando estes sistemas, é com agrado haver oportunidades para explorar veículos diferentes, e dedicar algum tempo aos mesmos, aprendendo e sentido a fundo o cada um tem para oferecer. Ainda assim, a diferentes Tours existem para explorarmos um pouco daquilo que cada universo tem para oferecer e colecionar algumas recompensas interessantes.

Nisto, podemos concluir que Forza Motorsport não começou exactamente com o pé direito, demonstrando um enorme potencial naquilo que poderá ser daqui a muito tempo. Com certeza que daqui a 12 meses e mais para além, estaremos perante um jogo mais desenvolvido, com mais pistas, mais carros, mais conteúdo e esse mais variado. O sistema de níveis pode nunca ser abandonado, com os jogadores a terem que se adaptar a essa realidade, ou o mesmo poderá sofrer alterações, incentivando a tal experimentação que o jogo inconsistentemente quer demonstrar. Neste momento é tudo especulação e podemos apenas desejar que o feedback da comunidade consiga fazer com que o jogo consiga concretizar tudo aquilo que prometeu e oferecer muito mais do que tem hoje.

O desapontamento é rodeado de esperança, mas perante a versão de lançamento, Forza Motorsport é hoje apenas uma grande demonstração visual, com muito potencial a nível de conteúdo, capaz de conquistar o asfalto se assim o quiser, podendo ser um dos jogos de corrida mais completos feitos na nova geração de consolas. É um longo caminho para lá chegar, e cabe agora à Turn 10 Studios tornar o sonho em realidade.

Nota Final: 7.5/10

Forza Motorsport está disponível para Xbox Series X|S e PC. O jogo está disponível no Xbox Game Pass.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Verified by MonsterInsights