Jogos: Análise – EA Sports FIFA 23
Quando foi anunciado que FIFA 23 seria o último da EA Sports a carregar o nome da organização de futebol, uma negociação que terminou devido ao preço da renovação do licenciamento de ter o nome da organização envolvida; que irá ver a série ter uma espécie de reboot com EA Sports FC no futuro. É por isso que o lançamento de FIFA 23 tem algo de especial, sobretudo no que toca a novidades tecnológicas, que marcam de certa forma o fim de uma era.
Como o jogo de desporto mais popular do mundo, FIFA 23 dá mais um passo em frente em renovar os motivos para que todos voltem aos campos, ao ser um bocadinho mais acessível, como também deixar jogadores novatos e menos experientes a entrarem no que é frequentemente visto como um comunidade acomodada principalmente pelos profissionais. Claro que o FIFA dentro das competições E-Sports tem se estabelecido como um dos pontos altos, algo que podemos ver em diversos eventos e certamente irá continuar. Mas é bom sentir logo na primeira impressão que o jogo quer dar as boas vindas àqueles que por algum motivo se sentiram anteriormente intimidados.
Um dos grandes destaques no modo Ultimate Team, aquele onde construímos a nossa equipa com base nas cartas virtuais que vão saindo nas saquetas, igualmente virtuais, onde o objectivo é recriar alguns dos momentos mais emblemáticos do futebol; desde do caminho de Mbappé até ao estrelato, a alguns derbís importantes, tudo sem ser necessário jogar uma partida de 90 minutos. Ainda no Ultimate Team, uma das novidades é a remodelação da química entre jogadores, deixando se ser com linhas directas, agora nuanceado com uma escala de 0 a 3, à medida que construímos o nosso plantel.
Estas mudanças ligeiras são suficientes para deixar os mais novos na experiência mais relaxados, e prosseguindo pelas oportunidades de jogarem com a sua equipa personalizada em jogos contra o computador, no modo Squad Battles, e, eventualmente quando tivermos confiança suficiente, jogar contra pessoas a sério. Existe sempre um momento de aprendizagem por aqui, seja no desenvolvimento da forma que jogamos – e como o jogo quer que joguemos – seja em perceber que a paciência é uma virtude quando estamos a perder 8-0 por um desconhecido qualquer.
O modo carreira é o modo que mais surpreendeu. Após alguns anos de FIFA encarnar uma espécie de novela, toda a jornada que passamos com este modo é altamente recompensador, à medida que vamos evoluindo e desenvolvendo a nossa personagem no meio profissional. O facto de haver uma escolha de personalidades, que determinam o nosso caminho de campeão, é também um modo que exige tempo e dedicação, tal como a sua contra-parte na vida real.
Os restantes modos também sofreram algumas alterações ligeiras, as do costume no que toca a mudar a dinâmica, como também a nível visual. O Volta Football, o Pro Clubs, como também os modos rápidos tradicionais continuam sólidos como nunca. É das poucas coisas que demonstram que o que funciona bem não precisa ser reparado, apenas aprimorado.
As novidades não param, e apenas ficam mais curiosas, com a inclusão de AFC Richmond num videojogo, a famosa equipa de futebol da série premiada Ted Lasso, que é recriada aqui, e poderá defrontar literalmente qualquer clube disponível, e poderá ser utilizada em modos de carreira, permitindo assim adicionar mais uma camada de brilhantismo ao jogo.
O destaque às equipas femininas está finalmente à frente e ao centro, desde do primeiro momento diga-se, começando com a escolha do mentor, entre as estrelas da capa, Mbappé e Sam Kerr, do Chelsea. Dentro dos diversos modos, podemos jogar com algumas das grandes equipas femininas, incluindo a nossa grande selecção nacional, presente na recente competição do Euro. Isto vem de um pico de interesse no futebol feminino que parece ser crescente e certamente mais que nunca, ganhará mais olhos postos.
Finalmente, e talvez aquilo que mais faz a diferença em FIFA 23, é o Hypermotion 2.0, o sistema que vem trazer mais de 6000 animações únicas, vindas de dois jogos reais completos, captando informação e dados suficientes para que o algoritmo de machine learning e inteligência artificial possa criar todo o seu universo de comportamentos para os jogadores. É já um cliché, mas podemos considerar positivo a repetição anual de o jogo ser o mais realista de sempre até agora, e isso sente-se em cada passe, defesa e remate.
Aliado a um conjunto de gráficos, que na sua maioria recria virtualmente muitos dos jogadores existentes pelas centenas de clubes, nem todos têm a fidelidade desejada. É um dos pontos menos positivos recorrentes, mas considerando a quantidade de jogadores pelo mundo inteiro, recriar todos ao detalhe é, com certeza, uma tarefa árdua.
Assim, FIFA 23 é um adeus à licença, mas uma amostra de o que poderá estar para vir quando as coisas mudarem de nome, sob as regras da EA, que já está a fazer algumas parcerias de peso para o futuro. Até lá, este jogo assegura que estaremos muito ocupados e divertidos a dar toques na bola nos nossos modos favoritos, oferecendo um bocadinho de tudo para todo o tipo de jogador, e com mais variedade de equipas que nunca.
Nota Final: 8/10
FIFA 23 está disponível para Xbox Series X|S (versão testada), Xbox One, PlayStation 4, PlayStation 5, PC e Nintendo Switch.
O Central Comics agradece à Electronic Arts.
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.