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Cinema: Crítica – O Primeiro Homem na Lua (2018)

Damien Chazelle, realizador de La La Land e Whiplash, regressa numa visão única da íntima história da chegada à lua com possivelmente as melhores interpretações de um par de protagonistas (Ryan Gosling e Claire Foy) lançada este ano.

1 ano após se ter tornado na pessoa mais jovem a ganhar um Óscar de Melhor Realização com La La Land, Damien Chazelle continua a manter a sua posição de grande revelação de Hollywood. Desta vez, num registo totalmente diferente dos anteriores mencionados, a sua nova obra cinematográfica retrata a primeira missão tripulada à lua, focando-se em Neil Armstrong e na década anterior ao histórico voo espacial do Apollo 11.

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Deste modo, O Primeiro Homem na Lua, poderia ter caído na tentação de se tornar mais um filme genérico enquadrado neste tópico no qual só interessaria o terceiro ato da chegada à lua. Contudo, esta equipa técnica consegue criar algo inédito no género através da visão inovadora do realizador, do argumento extraordinário e íntimo de Josh Singer (O Caso Spotlight, The Post), produção executiva de Spielberg, música de Justin Hurwitz (La La Land, Whiplash) e restante produção e elenco.

Damien Chazelle com Ryan Gosling e Claire Foy

O enredo foca-se na carreira de Neil Armstrong, interpretado por Ryan Gosling, como o homem altamente inteligente e resistente, um ex-soldado que se esforçou ao máximo para se tornar no astronauta de prestígio na organização que futuramente que chamaria de NASA. A primeira cena inicial posiciona-nos imediatamente no ambiente do filme, Neil, no início dos anos 60, está a pilotar e reparamos na sua tentativa de ir para além da atmosfera. Por consequência, permite-o observar a forma do nosso fantástico planeta pelos seus próprios olhos, mas a ausência de gravidade impede-o de controlar o seu transporte, iniciando-se uma pequena intensa cena que nos põe imediatamente a favor do protagonista. Eventualmente, o ambicioso Neil inscreve-se no programa da NASA e conhece várias figuras que se tornarão pontos chave para o desenvolvimento da personagem e enredo.

Todavia, a mulher do protagonista é igualmente importante para a história. Janet Armstrong, interpretada por Claire Foy, tem tanto tempo de ecrã como Neil e permite-nos observar este incrível casal. Apesar do enorme amor de Neil pela sua mulher, a sua paixão pela missão ocupa muito tempo da sua vida e, por momentos, afasta-o psicologicamente da sua mulher e filhos. Janet tem de viver sob a pressão da imprensa e do seu marido poder não voltar um dia a casa, não somente acerca da missão à lua, mas também pelo elevado risco que todos os testes e tarefas da NASA possuem no decorrer da narrativa. O filme consegue assim estabelecer um brilhante equilíbrio entre a intensa carreira de Neil e o adorável e melancólico romance entre os dois.

No geral, a narrativa choca constantemente com os seus twists inesperados relativamente às várias personagens interpretadas por atores de prestígio e, apesar de estarmos consciente da chegada de Neil à lua, reforçam o perigo da sua missão. O filme contém nomes como Jason Clarke, Kyle Chandler, Corey Stoll, Patrick Fugit, Christopher Abbot, Ciarán Hinds, Olivia Hamilton, entre outros. Em 2 horas e 21 minutos, a história é capaz de tornar a relação amorosa dos protagonistas cativante enquanto nos apresenta o seu vasto elenco e fortes laços de amizade que vai criando com ambos.

Depois, a cinematografia do filme (Linus Sandgren) e música  (Justin Hurwitz) e edição (Tom Cross) são executadas por profissionais dos trabalhos já mencionados do realizador. Ao contrário de 2001: A Space Odyssey e Interstellar, O Primeiro Homem na Lua demonstra menos imagens do exterior das naves e foca-se na claustrofobia destes espaços bastante isolados e pequenos em que por vezes os próprios pilotos têm pouca visão do lado de fora e estão dependentes da interacção com os técnicos na Terra. Todos as ações executadas por si são mencionadas em voz alta de modo a obter-se um historial do sucesso ou falha das missões. Observamos efetivamente algumas imagens do exterior, no entanto, existe um grande foco em enquadrar o olhos do ator Ryan Gosling, que faz um trabalho extraordinário em transmitir emoções pelo seu simples olhar de fascínio à Terra ou Lua. A sensação de medo é sempre sentida ao longo do filme, bem como a enorme ambição de todas as personagens em realizarem o primeiro voo tripulado à Lua.

Por fim, a chegada à Lua é uma cena belíssima, fascinante e assustadora na qual Damien Chazelle demonstra-nos a lentidão e complexidade para se aterrar uma nave e a pressão que isto impõe perante os pilotos da mesma, sendo capaz de nos fazer esquecer completamente o nosso conhecimento histórico. A aterragem ao som da música de Justin Hurwitz torna esta ofegante viagem em algo magnífico e merecedora de várias visualizações. Todavia, o realizador é conhecido pelos seus longos fins marcantes e emocionantes e deixa-nos com uma cena única e brilhantemente interpretada por ambos os protagonistas que chamarão sem dúvidas a atenção dos óscares. No fim, a história acaba por abraçar não só o sucesso da viagem à lua mas a grande importância que o romance tem neste enredo.

  • O Primeiro Homem na Lua estreia a 18 outubro 2018 nos cinemas

9/10

Tiago Ferreira

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