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Cinema: Crítica- Alita: Anjo de Combate (2019)

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Mais uma adaptação de Mangás a caminho dos cinemas. O visionário James Cameron regressa com Alita: Anjo de Combate.

Minha nossa senhora, porquê? Não nos bastou Dragon Ball Evolution, Ghost in the shell ou o atroz Death Note da Netflix? James Cameron, o visionário que inventou o 3D que tantos bilhetes inflacciona enquanto reconta a Pocahontas azul no espaço, produz e assina este projeto?

Alita foi logo criticada nos trailers pelos olhos gigantescos e semelhanças visuais a “Ready Player One”, para não falar de tudo o resto que podia correr mal. Filmes como o Quinto Elemento trouxe-nos o primeiro “Born Sexy Yesterday” e todo o material promocional de Alita pisca o olho a esse mau hábito, mas raios parta já no mangá era o caso.

Primeiro, o que é este bicho de sete cabeças com olhos esbugalhados e braços de marfim? “Alita Anjo de Batalha” é baseada no mangá de mesmo nome, “Gunnm” no original japonês que significa algo parecido com “Sonho-Arma”. Sim, peculiar, afinal de contas é japonês. Mas inspirações à parte, eu quero focar-me na adaptação em si. Podia-se dizer que o filme tem semelhanças com adaptações de romances juvenis, como “Hunger Games” e “Maze Runner” e que visualmente há cenas recriadas de maneira soberba. Posso até dizer que me habituei aos olhos esbugalhados da protagonista.

Portanto, o que é uma adaptação dum Mangá? Embora não seja uma autoridade no oceano do entretenimento nipónico, acompanho conteúdo semi-religiosamente. Quem me conhece, sabe da minha paixão por tokusatsu, o fraquinho pelo Dragon Ball e a minha apreciação de projetos como Jojo’s Bizarre Adventure e tantos que tais. Qualificações dúbias, eu sei, mas acho que a melhor forma de avaliar a qualidade de adaptação será através da comparação, disponibilizando assim ao leitor uma coleção de situações e exemplos a serem usados mais para à frente na crítica quando chegarmos aos pontos fortes.

O primeiro produto a abordar será “Dragon Ball Evolution”, terrivelmente adaptado de Dragon Ball. Porque terrivelmente? A fotografia e redesigns não são chamados para o caso, vamos nos ficar pelos protagonistas.
Son Goku é, no original, um rapaz selvagem que viveu pouco tempo com o seu avô Son Gohan e acaba por segui-lo nos seus hábitos pacifistas, faz a sua vida e é feliz. É também munido de poderes surpreendentes e, ao deparar-se com a jovem cientista Bulma, o rapaz segue numa aventura para coleccionar as bolas de cristal e em geral explorar o mundo.
No filme, temos um adolescente egocêntrico e mal humorado que ainda vive e treina com o seu avô e em geral o filme começa a tentar tirar liberdades a mais na sua tentativa por apelar ao público ocidental o que faz com que perca todo o charme do original japonês.

A seguir vamos falar um pouco de “Ghost in the Shell”, terrivelmente adaptado, mais uma vez. Estilo visual? Confere! Casting dúbio? Deixa lá pode ser que esteja bom à mesma! Crítica da sociedade japonesa? Não, meter uma mensagem sobre como somos únicos e diferentes é que é importante!

É uma pena quando o filme bate certo em tudo menos no casting da protagonista e nas motivações e objetivos da mesma. Está estupidamente preciso e correto no resto, mas na sua tentativa por apelar ao público ocidental perde o que os fãs realmente queriam do filme.

Estão a perceber onde quero chegar? No entanto, Alita tem um charme natural e uma vantagem logo no ponto de partida.
As personagens são universais, podem existir na maioria das culturas e não têm aqueles apartes japoneses (como Son Goku e Makoto). A história está fiel que baste ao original, batendo os mesmos momentos ou, pelo menos momentos semelhantes nesta que é uma adaptação dos 4 primeiros volumes (com foco principal nos 2 primeiros).

Sim, há diferenças nas personagens, o Assistente de Ido é agora uma mulher e Hugo já não é uma criança, mas no caso de Hugo em concreto, acredito que a diferença fora feita para facilitar a vida aos espectadores, o original é um pouco violento em certos pontos. Além disto, Motorball é usado mais cedo na história do filme, mas, mais uma vez não tem um impacto negativo. Continuamos a ter os momentos de crescimento de Alita até atingir a sua independência, bem como o desenvolvimento de Ido no seu papel semi-paternal. O filme encapsula bem as personagens, os atores são também bem escolhidos e não há muito mais que dizer.

Pelo filme fora, temos perseguições e combates e cedo nos apercebemos desta aura de infelicidade geral que facilita muito o desenvolvimento da protagonista. Porém, há situações melhores que outras, mas pessoalmente não sou o maior fã duma interação particular entre Hugo e Alita, e tenho pena que muitos personagens não tenham sido bem aproveitados. O pacing dos capítulos também acaba por ficar mal traduzido para o ecrã, acabam por parecer 3 episódios duma série televisiva, e não um filme. Este sintoma é agravado pelo facto do filme acabar em aberto a pedir pelo menos mais uma sequela.

Para os fãs, poucos que sejam, acredito que seja um deleite caso consigam ver o filme como uma entidade separada. Para aqueles que ainda não conhecem Alita, acho que é uma excelente introdução, embora os olhos esbugalhados realmente incomodem ao início. Em termos gerais, percebe-se que Cameron tem um certo amor pelo original, e espero ver a continuação da história desta Alita em breve.

  • Alita: Anjo de Combate estreia a 14 de fevereiro 2019 nos cinemas

8/10

-Henrique V.Correia

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