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Cinema: Crítica – Nós (2019)

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Prepara-te para uma experiência aterradora vinda da mente de Jordan Peele (Get Out).“Nós” já está disponível nos cinemas.

Poucos realizadores podem dar-se ao luxo de se tornarem populares logo após o primeiro filme e Jordan Peele é um destes grandes exemplos. Em 2017, estreou-se oficialmente como realizador em Foge (Get Out), um terror psicológico na temática do racismo que foi nomeado para 4 óscares, acabando por levar a estatueta de Melhor Argumento Original. O mundo aguardou assim pelo seu grande próximo projeto, “Nós”.

 

Em Nós (Us) conhecemos a família Wilson, constituída por Adelaide (Lupita Nyong’o), Gabe (Winston Duke) e os dois filhos, Zora (Shahadi Wright Joseph) e Jason (Evan Alex). Chegado o Verão, decidem ir numas férias tranquilas na sua casa de férias, divertindo-se com os seus amigos/vizinhos, mas algo atormenta a mente de Adelaide. O seu passado, com o qual se inicia o filme antes de conhecermos a família, persegue-a e existe uma constante atmosfera sombria que não permite umas férias sossegadas.

Numa noite, surgem quatro indivíduos à porta da sua casa, mas não pronunciam uma única palavra e limitam-se a observar de um local pouco iluminado. Ao conseguirem invadir esta casa, a família Wilson apercebe-se que estes indivíduos são fisicamente iguais a si e vieram para assassiná-los.

Num registo de thriller e terror psicológico, Jordan Peele traz novamente uma história original e intensa que cria analogias com temas atuais à volta de personagens brilhantes e únicas. A atmosfera agarra-nos de imediato com o mistério do passado desta protagonista que quando era mais nova entrou num divertimento com a frase “Conhece-te a ti mesmo”. Desde então, a sua mente tem-na assombrado e toda a técnica do filme, desde a música, à luz e aos enquadramentos, têm uma clara reflexão prévia de modo a transparecer eficazmente tanto o passado de Adelaide, como o terror que a família semelhante à dos protagonistas trouxe para as suas vidas.

Por consequência, seria necessário uma atriz que levasse esta narrativa para além da superficialidade e Lupita Nyong’o foi a escolha ideal, oferecendo possivelmente um dos melhores papéis já vistos no género e não seria de admirar se fosse nomeada para os prémios da academia no próximo ano. Sem muitos detalhes de modo a não arruinar a experiência de ver esta obra única pela primeira vez, os atores têm de encarnar duas personagens, a principal e a sua cópia. Lupita, sendo a protagonista, é a que tem o maior desenvolvimento e posterior destaque no contraste de personalidades.

Lupita Nyong’ e Jordan Peele no set de Nós (Us)

Contudo, Winston Duke (M’Baku em Black Panther), que interpreta o seu marido Gabe, e restantes personagens secundárias enriquecem constantemente o filme com o seu humor inesperado sem nunca nos desviar a atenção do terror psicológico que estamos a presenciar. Ao contrário de filmes que são por vezes arruinados pela comédia em demasia, aqui o nível de comédia é efetivamente original e alivia-nos da intensidade das cenas dramáticas do filme. Nem sempre resulta como em todas as obras do género, mas traz-nos uma sensação incrível de criatividade por parte de Jordan Peele e chega por vezes ao tipo de humor sangrento de Tarantino. Além disto, os seus filhos adicionam ao filme a inocência que faltava, contrastando com as suas cópias altamente violentas e que possibilitam um bom desenvolvimento de personagens e uma intensidade ainda maior para que Adelaide salve a sua família.

Em suma, Nós é uma experiência sombria e inesquecível com a intensidade exata sem nunca recorrer ao jump-scare. É um filme com uma escala temática muito maior do que a premissa e trailers apresentam e nos surpreende constantemente a nível visual e musical.

  • Nós estreia a 21 de março nos cinemas

8/10

Tiago Ferreira

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