Cinema: Crítica – Vertigem Mortal (2022)
Há filmes que desafiam os medos mais primitivos. Desde estar debaixo de água, tubarões e outros animais exóticos, desta vez é explorado a ideia de subir até lugares altos com medo de cair, onde Scott Mann regressa ao grande ecrã depois do seu futebulástico filme de acção, Golpe Final, levando-nos até ao topo de uma torre de rádio sem regresso, Vertigem Mortal.
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Viciados em adrenalina, as melhores amigas Becky (Grace Caroline Currey) e Hunter (Virginia Gardner) testemunham a morte de Dan (Mason Gooding), deixando Becky traumatizada. Um ano depois, Hunter desafia Becky a subirem uma torre de rádio com mais de 600m no meio do deserto, de modo a que esta supere o medo que lhe tem assombrado. As coisas correm mal quando as duas amigas vêem a escada da torre simplesmente cair, deixando-as presas no tipo, sem forma segura de voltar para baixo.
O que se segue é uma aventura em crescendo, que durante a primeira metade do filme orgulha-se em estabelecer o contexto da subida, como também o espaço mental das personagens, esforçando-se bastante em criar aqui personalidades tri-dimensionais, das quais o filme quer que vivemos esta experiência assustadora mais tarde. Este esforço resulta de forma muito positiva. Entre Becky ainda magoada por perder o amor da vida dela, e Becky numa busca superficial de likes e comentários nas redes sociais, há algo que as une.
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Naturalmente isto faz com que torcemos por ela quando as coisas acabam por correr da pior forma, ao vermos os diversos planos que tentam resolver uma situação desesperante. É aqui que Mann explora os piores medos daqueles que têm medo de alturas, aliado a uma cinematografia de Miguel “MacGregor” Olaso (Vivarium), onde o vazio do deserto demonstra a solidão no meio do nada, recorrendo a um misto de drones e um ponto de vista pessoal, que só contribui para o terror interno.
Ainda que os diálogos tendem ser relativamente básicos, o foco na situação física acaba por ser uma mais valia, à medida que as protagonistas procuram formas de saírem de lá vivas, custe o que custar. É um pensamento que requer tanta criatividade, como coragem, e o filme consegue equilibrar a sua narrativa de forma bastante eficaz.
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Assim, Vertigem Mortal é um filme para causar alguma ansiedade aos espectadores, que certamente estarão predispostos a uma aventura do género, numa obra que não se esquece que tem mais do que apenas a altura para contar uma boa narrativa. Vindo dos produtores de 47 Metros de Terror, não se esperava menos; ainda tendo em conta a sua eficácia, considerando o orçamento de apenas 3 milhões de dólares.
Nota Final: 7/10
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.