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Cinema: Crítica – Venom: Tempo de Carnificina (SEM SPOILERS)

Eddie Brock regressa ao cinema novo filme Venom: Tempo de Carnificina“. Apesar da expectativa será que é um filme que cumpre o que se pretende?

Após salvar o mundo da invasão de Riot, Venom e Eddie (Tom Hardy) finalmente encontraram sucesso. No entanto, nem tudo está bem entre os dois e a sua simbiose começa a mostrar os defeitos. Para juntar o inútil ao desagradável, Cletus Kasady (Woody Harrelson), famoso serial killer, começa a simpatizar com o seu repórter favorito e promete virar-lhe a vida do avesso.

Para tirar já isto do caminho, é a sequela do primeiro filme e mantém o mesmo “feel”. Continua a parecer um filme de super-heróis do virar do milénio, com todos os defeitos e feitios do seu antecessor. O pacing em concreto, tem muito que se lhe diga. O início apressado causa um pouco de impressão, mas em pouco tempo, o filme encontra o seu ritmo e, sem perdas de tempo ou cenas desnecessárias, mostra-nos esta aventura do nosso anti-herói favorito.

Claro que o seu estatuto como sequela reforça também o afastamento do material de origem que já tínhamos sentido com a primeira aventura do Klyntar exilado. Eddie é uma romantização do brutamontes que conhecemos na BD nos anos 80, desmanchado e reconstruído como o mesmo falhado, mas muito mais digno de empatia. Venom é também muito mais bondoso, a sua vilania é recontextualizada como uma necessidade fisiológica de devorar mauzões, e não tanto uma sede de fazer o que, na sua loucura, considera justo.

Estas diferenças existem principalmente para facilitar a tradução para o ecrã. Não é fácil abordar o vício de Eddie e Venom, muito menos a insanidade que esse mesmo vício desperta. É preferível vendê-los respetivamente como o “polícia medíocre” e o “polícia maluco”.

Em “Tempo de Carnificina” vemos os atritos a desfazer a parelha, numa transparente analogia às relações co-dependentes. Embora um assunto sério, não há como ignorar a diversão que certas discussões irão proporcionar.

Anne Weying (Michelle Williams), ex-namorada de Brock, regressa também e volta a mostrar as suas mais-valias como personagem. Infelizmente o seu papel é mais uma vez reduzido.

Temos caras novas também! Woody Harrelson já se tinha apresentado como Kasady no final de Venom, mas finalmente aparece em todo o seu esplendor. Carnificina é um deleite de ver em imagem real, tanto melhor numa tela de cinema! A forma como os seus tons escarlates e silhueta esquelética contrastam com todo o filme, a forma como absorve e transmuta Cletus durante a sua transformação, os tentáculos sempre presentes e aterrorizantes que leva às costas, um verdadeiro mimo.

Infelizmente Casady é vitima da mesma simplificação e sanitização que Eddie. A sua loucura não deixa de estar presente, mas é uma flagrante redução dos auges que atingia na BD. Não o vemos a viver a psicopatia que todos lhe apontam, isso é, a meu ver, o maior defeito do filme…

Frances, por outro lado, é só subaproveitada. A personagem cujos poderes são o pior pesadelo de qualquer simbionte é utilizada principalmente como ferramenta para o público melhor diferenciar Cletus e Carnificina, outra tristeza.

Tudo isto culmina num filme sucinto que atinge níveis espetaculares umas quantas vezes, mas também deixa a desejar outras tantas.

Uma excelente aposta para quem gosta dos filmes do género ou procura uma longa-metragem de ação e comédia para se manter entretido durante uma horinha e meia

6/10

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