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Cinema: Crítica – The House That Jack Built (2018)

O mundo está farto de Lars Von Trier. Ou será o inverso? Seja como for, o realizador dinamarquês deu mais um passo em frente na sua carreira como auteur, com The House That Jack Built.

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Ouvimos a narração de Jack (Matt Dillion), um assassino em série que introduz o seu diálogo com um homem desconhecido, que se dá pelo nome Verge (Bruno Ganz). Ao longo de cinco incidentes, aleatoriamente escolhidos, Jack conta-nos as suas experiências de alguns dos crimes que cometeu nos últimos 12 anos. Jack é um homem com uma patologia estranha: um assassino com OCD, um problema real que incomoda o espectador com as suas explicações excessivas e um raciocínio duvidoso. acreditando que o homicídio e a arte têm muito em comum.

Este é capaz de ser o filme que mais representa a visão do mundo de Von Trier, pelo menos como calculamos que o vê com os próprios olhos. As mulheres são alvos fáceis para abuso, estúpidas e sem um pingo de dignidade, algo que já vem de outras obras na sua filmografia e que neste filme dá um seguimento mais tortuoso. Como Uma Thurman a interpretar uma personagem irritante, ou uma namorada ingénua que, após ser vítima de violência, perdoa Jack, e arrepende-se rapidamente das suas decisões. É claro as intenções deste auteur vai mais para além que a mera controvérsia.

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Estamos perante um filme onde Lars Von Trier tenta jogar com o espectador, esforçando-se para manipular os incidentes, explorando diversos sentimentos, como a empatia e a repulsa. Esta manipulação é feita de forma tão básica e frontal, que não sabemos até que ponto está a fazer de propósito, criando uma dúvida razoável. Mas Von Trier sabe o que faz e fá-lo de forma descarada, sem receio de ser apanhado, numa mistura entre estúpido e ousado.

É igualmente possível que seja esta a reacção esperada por parte dos seus críticos, uma reacção furiosa pela trabalho continuo que o realizador faz, trazendo sempre ao de cima a inevitável questão: Quando é que Lars Von Trier termina de vez a sua carreira?

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Numa altura em que a cada novo filme, os habituais tendem expressar a sua opinião de forma zangada, fruto das provocações artísticas do autor, é importante ter em mente se será esse o verdadeiro objectivo do realizador, tentando estabelecer algum tipo de empatia com um assassino em série, que, para todos os efeitos, é uma pessoa fácil de se odiar? Ou será essa a beleza da arte e nós somos tal e qual como as vítimas deste filme para ele, irritantes, que não se calam enquanto o mesmo cria o caos?

No fim, resta dizer que a experiência de The House That Jack Built pode ser uma que cative a quem sabe exactamente ao que vai. Para os restantes, serão sem dúvida quase 3 horas de exibicionismo perverso, com qualidade palpável nula.

Nota Final: 4/10

  • The House That Jack Built estreia a 3 janeiro 2018 em Portugal

Ricardo du Toit

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