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Cinema: Crítica – Saloum (2021)

O cinema senegalense não é um que seja comum de ver em destaque, muito menos popularizado no resto do mundo, mas é um país que pelos vistos esconde um grande, grande talento entre eles. Nascido no Congo, Jean Luc Herbulot estudou multimedia em 2004 em Paris, tendo lançado o seu primeiro grande filme em 2014, com Dealer, tendo ganho vários prémios. Foram precisos 7 anos até que a sua mais recente obra, Saloum, estreasse em 2021 no festival de Toronto, e agora depois em Portugal no MOTELX.

O trio de elite de mercenários Bangui’s Hyenas, Chaka (Yann Gael), Rafa (Roger Sallah) e Minuit (Mentor Ba) está em fuga, após um assalto planeado de ouro durante o coup d’état of 2003 na Guiné-Bissau. Durante a fuga, apercebem-se que o avião não tem gasolina suficiente para lhes levar até Dakar, forçando-os a aterrar em Saloum. Pernoitando num resort gerido por Omar (Bruno Henry), estes esperam até que seja seguro seguir viagem, mas as coisas não correm com planeado.

Saloum começa como logo a mostrar os seus elementos diferenciadores no contexto de filme de acção tradicional, onde a violência usada pelos três homens é minimizada; estes não querem matar por matar, estabelecendo de imediato o carácter deles. Não obstante disso, não são os bons da fita, continuam a ser mercenários que fariam tudo por dinheiro, mas têm um código de honra muito próprio e jamais estão dispostos a quebrá-lo, mesmo em momentos mais tensos que vemos eventualmente.

É de apreciar todo o trabalho de Jean Luc Herbulot, cuja linguagem cinematográfica está a par dos melhores realizadores do género, utilizando uma variedade de técnicas que mantêm o ritmo ao rubro, conseguindo juntar todo o tipo de géneros em apenas 83 minutos de película. Desde terror, acção, comédia, western spaghetti, e muitos outros, juntando-lhe muitos elementos da mitologia africana, este oferece um grande resultado, onde a qualquer momento as coisas podem mudar.

A própria narrativa, escrita por Luc Herbulot e pela também produtora Pamela Diop, equilibra a tensão desde do primeiro momento, desenvolvendo uma história sólida que pouco-a-pouco se vai revelando. Naturalmente, o grande destaque vai para o trio de mercenários, diferentes entre si, mas que demonstram uma irmandade genuína. Nunca em tão pouco tempo de filme vimos personagens assim tão bem exploradas.

Assim, Saloum é mais um filme de sucesso vindo do Senegal, com uma proposta cinematográfica onde tudo que poderia acontecer, aconteceu, deixando-nos muito satisfeitos pela altura que os créditos rolam, deferindo-o como um verdadeiro filme de culto.

Nota Final: 9/10

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