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Cinema: Crítica – Presos no Tempo (2021)

M. Night Shyamalan tem estado nos últimos anos no que ainda parece ser uma tournée de redenção por nos ter dado filmes discutivelmente terríveis como Depois da Terra, O Acontecimento e a ultradesastrosa adaptação de O Último Airbender.

Desde A Visita, o realizador parece ter voltado a velhos costumes que fizeram dele um dos grandes realizadores ao virar do milénio e regressa agora com Presos no Tempo, um filme baseado na banda desenhada franco-suiça Sandcastle, de Pierre Oscar Levy e Frederik Peeters.

A família Cappa, Guy (Gael García Bernal), Prisca (Vicky Krieps), Trent (Alex Wolff) e Maddox (Thomasin McKenzie) recebem a oferta de uma viagem de sonho até a um resort tropical. Durante a sua estadia, são convidados para visitarem uma praia secreta, acessível exclusivamente por alguns residentes. Entretanto, outras famílias juntam-se a eles e todos vêem rapidamente num mundo de sofrimento, ao descobrirem que a praia tem alguns perigos escondidos.

É notável como Shyamalan volta um pouco às suas origens, com um conceito relativamente simples em papel, e reviravoltas suficientes para nos deixar intrigados em como esta praia é capaz de causar todos os acontecimentos que vemos. É um puzzle interessante que foi abordado, mas que em execução, as coisas são um bocadinho diferentes.

O que este filme teria ganho, pudesse ele ter tido a oportunidade de explorar mais a fundo os seus temas negros, da doença física à mental, como também ao impacto emocional que a praia tem sobre os visitantes; onde a narrativa visual teria beneficiado em não se ter contido com a violência vista no ecrã, optando por movimentos subtis que conseguem garantir a classificação mínima etária nos Estados Unidos, o tão desejado PG-13 – em Portugal, o filme foi classificado M/14. Isto faz com que uma grande parte do filme fique aquém do seu verdadeiro potencial, o mesmo que outros realizadores dentro do género, não teriam dúvidas em ir até ao limite em demonstrar a total capacidade.

Entretanto, Shyamalan guia-nos pela sua visão, que ainda que nem sempre o consegue fazer com sucesso, compensa-nos com algumas imagens impressionantes e um ambiente temporal capaz de causar o pânico interior, deixando-nos com algum desespero em saber o que vai acontecer a seguir; tudo coisas que queremos cada vez mais de um filme de um realizador com esta reputação.

Com isto, Presos no Tempo demonstra o potencial das novas histórias alternativas e como certos criativos cinematográficos podem pegar nos mesmos conceitos e adaptar de uma forma que seja apelativa para o espectador. Neste caso, o resultado foi um misto de boas e más decisões, que causam um filme desequilibrado, mostrando demasiado os seus defeitos, havendo espaço para melhorar.

Nota Final: 7/10

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