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Cinema: Crítica – Ossos e Tudo (2022)

Luca Guadagnino tem sido um dos grandes nomes do cinema nos últimos anos, aclamado mundialmente em 2017, depois do filme Chama-me Pelo Teu Nome, e eventualmente ter dividido espectadores com a sua versão de Suspiria, no ano seguinte. O seu talento para nos levar numa jornada através de um filme arthouse, pensado ao ínfimo detalhe para nos causar alguma emoção continua na sua mais recente obra, Ossos e Tudo, protagonizado por Timothée Chalamet e Taylor Russell.

Baseado no livro original de Camille DeAngelis, o filme decorre na década de 80 e conta a história de Maren (Russell), uma jovem que após morder o dedo de uma das suas amigas durante uma dormida, vê a sua vida dar uma nova reviravolta, fugindo para outra cidade com o seu pai. Este acaba por-lhe abandonar, deixando para trás uma cassete que explica o impulso que ela sente pela carne doutros humanos. Decidida em descobrir mais sobre si mesma, Maren embarca numa aventura em busca da sua mãe, e tentar perceber o que tem dentro de si. Pelo meio, conhece uma série de personagens, incluindo o rebelde Lee (Chalamet), da qual se apaixona loucamente.

Filmes coming-of-age têm visto uma ressurgência em alta nos últimos tempos, talvez motivada, ou não, pelo facto de produtoras como a A24 que permitem cineastas a contarem as suas histórias sem rédeas, acabando por inspirar tantos outros com este movimento. Mas esta não é a primeira vez de Guadagnino a enveredar por esses caminhos cinematográficos, e com Ossos e Tudo, o realizador leva-nos numa montanha russa de emoções, muitas delas em contextos bastante grotescos.

De certo modo podemos considerar este filme uma espécie de body-horror, mas focado para a emoção humana das personagens e daquilo que passam juntos. É aqui que a cumplicidade entre Russell e Chalamet entra em efeito, como uma dupla que vemos crescer a olhos vistos a sua relação amorosa, lutando pela sobrevivência no dia-a-dia, numa América perdida em si mesma.

Há algo de incrível vermos esta história a desenrolar perante o nossos olhos, onde o desconforto faz uma fusão estranha com a felicidade e o amor genuíno, deixando-nos completamente desarmados e rendidos perante um filme cujo único propósito é deixar uma impressão, e isso ele faz sem dúvida.

Com isto, Ossos e Tudo é um dos filmes que tem tanto de bonito como de nojento, abrindo os olhos para um caminho cinematográfico que talvez apenas Luca Guadagnino poderia pensar em adaptar e tornar numa experiência verdadeiramente especial.

Nota Final: 9/10

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