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Cinema- Crítica: Moonfall

A Lua cai à Terra, hilaridade sucede.

Após um acidente em órbita causado por uma misteriosa força alienígena, o outrora conceituado astronauta Brian Harper (Patrick Wilson), é expulso da NASA, culpado pela morte de um dos seus colegas.

Anos passam e um conspiracionista, KC Hauseman (John Bradley) descobre que a órbita da Lua foi alterada e aproxima-se da Terra a velocidades preocupantes.

Cabe então ao nosso astronauta em vias de redenção, ao seu divertido amigo conspirador e à sua ex-colega e atual responsável máxima da NASA Jocinda Fowl (Halle Berry) salvar a terra enquanto os seus familiares procuram refúgio da Lua em colisão e, como se não bastasse, de um gangue de campónios a fazer a sua diligência como cidadãos do Apocalipse.

E um filme especial como Moonfall (Moonfall – Ameaça Lunar, no Brasil) (e por favor valorizem o meu esforço para conter os spoilers) merece tanto o 10/10. Eles tentaram tudo por tudo para fazer o filme mais estúpido que vi numa sala de cinema (e eu vi o segundo Segurança do Shopping, caro leitor) e, raios parta, conseguiram!

Não é o pior, essa distinção mantem-se exclusiva ao Magnum Opus de Kevin James, mas é sem dúvida o melhor pior filme que eu já vi.

A narrativa chega a um ponto em que percebe que os teoristas se calhar vão levá-la demasiado a sério e acreditar que a Lua é mesmo oca e, para tentar evitar que tal aconteça, decide metamorfosear-se em 3 filmes. Eis que, de cena para cena, saltamos entre “Walking Dead mas sem orçamento para zombies”, “Star Trek do JJ Abrams mas sem personagens interessantes”(vulgo “Star Trek do JJ Abrams”, desculpa Simon) e, juro que não estou a gozar convosco, “Thriller Politico-Militar”.

Continuo a tentar preservar o mistério, mas na última meia hora o filme dá uma volta de 180º e foi por aqui que eu me desmoronei a rir.

E foi um riso genuíno, nascido dum misto de ansiedade, incapacidade de compreender o que estava a acontecer e, claro, aquela reflexão profunda sobre o que raios eu ando a fazer com a minha vida para dedicar uma noite ao expresso propósito de ver isto numa sala cheia.

Podia ter visitado o meu avô, podia ter estado com os meus amigos, podia ter estudado ou avançado um ou outro projeto. Percebi com Moonfall a importância do tempo, mais que nunca quis que voltasse atrás, em parte também para poder viver esta angustiante, tensa e, obviamente, divertidíssima experiência de novo.

Sinto que este filme de decidiu feliz, consciente e, mais que isso, majestosamente subir o mais alto cume deste planeta, imponentemente baixar a braguilha e, com a força de mil sóis, o chakra de cem raposas, a Genki de milhões de galáxias, urinou contra o mais catastrófico e aterrador tornado.

E esses fluidos embateram-lhe na cara para seu incalculável deleite, não por fetichismo, caro leitor, mas por ser a sua mais básica e profundamente estúpida proeza e por, na sua loucura, ele saber ser a última a seu nome, pois os ventos estavam a segundos de o consumir.

MAS DEPOIS O FILME INSINUOU A SEQUELA E A DOR COMEÇOU TODA OUTRA VEZ.

Eu fico sempre nos créditos dos filmes, ainda antes da moda dos teasers para a próxima aventura de super-heróis ou piratas, é uma questão de ritual. Fui ensinado a mostrar o respeito pelos creditados, pelo esforço investido no filme assistido. Com amigos é tanto melhor, pois temos foro para falar sobre a nossa experiência coletiva, por vezes até conhecemos outros visitantes, esta primeira análise acaba por ser a melhor parte da visita ao cinema.

Não foi o caso ontem. Ontem eu tentava compreender quem sou e o que aqui faço…

Pois bem, os visuais são giros, os atores, coitados, esquecem-se de representar uma vez por outra, os efeitos especiais não são os piores e a história é… nem sei, mas deve dar para uns drinking games giros.

Um 3/10 para um filme quase competente, e um previamente atribuído 10/10 para uma experiência de introspeção profunda sobre como, se calhar, ainda posso vir a escrever qualquer coisinha para o cinema.

Enterrem-me com um Blu-Ray deste filme.

Moonfall (Moonfall – Ameaça Lunar, no Brasil), estreou em Portugal a 3 de Fevereiro de 2022.

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