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Cinema: Crítica: Menina (2019), com Nuno Lopes e Beatriz Batarda

Baseado na infância da realizadora luso-francesa Cristina Pinheiro, Menina já está disponível nos cinemas.

Menina é sobre uma família constituída por Luísa Palmeira (Naomi Biton), uma criança de 10 anos nascida em França e filha de pais emigrantes portugueses, Leonor Palmeira (Beatriz Batarda), uma mãe analfabeta e o seu pai alcoólico, João Palmeira (Nuno Lopes). Um dia o seu pai descobre que sofre de uma doença mas Luísa acredita que o seu pai lhe esconde outro segredo que poderá arruinar a sua família. Numa história crua, sensível e dramática, Menina aborda a dupla nacionalidade e xenofobia desta família emigrante.

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Baseado na infância de Cristina Pinheiro, o filme capta perfeitamente o ambiente melancólico na vida desta família nos finais dos anos 70. É através dos olhos da pequena Luísa que vamos conhecendo as várias personagens ao seu redor, a influência que têm sobre si, bem como as qualidades e defeitos de cada um. O seu pai, João, chega constantemente tarde a casa, criando um mistério acerca do seu quotidiano e a possibilidade da existência de outra mulher na sua vida. Uma questão com a qual a Menina se debate e que acaba por revelar à sua mãe, Leonor, mas que desconsidera de imediato tal possibilidade devido à personalidade difícil que o seu pai possui.

É uma história extremamente sensível que se foca sobretudo na relação entre um pai e a sua filha, mas sem ignorar os indivíduos à sua volta. A sua mãe, Leonor, apesar de analfabeta e por vezes distante, é um dos grandes suportes emocionais de Luísa, transportando-nos para um tempo em que o amor era demonstrado com uma sensibilidade diferente da atual. A sua paixão por esta família é clara, tanto pelo seu distante marido que foi o seu grande apoio nesta jornada de emigração, como pelos seus dois filhos, Luísa e Pedro.

A pobreza é de facto um dos grandes problemas desta família, realçando assim a veracidade destes emigrantes e de tantos outros nesta época. Uma credibilidade cinematográfica brilhante que só é eficientemente demonstrada devido ao magnífico trabalho dos atores, seja na relação que têm entre si como na criação das suas personagens. Além disto, os locais de produção são os ideais para criar esta autobiografia dramática, destacados pela brilhante direção de fotografia.

Por fim, o tema chave do filme, sobre a relação entre uma filha e um pai alcoólico, consegue facilmente prender-nos a esta narrativa dramática em que, tal como na realidade, o humor e o drama estão sempre presentes. É surpreendente como o guião é altamente realista, no qual os atores conseguem oscilar entre a língua portuguesa e francesa sem nunca se sentir um distanciamento da realidade.

Em suma, Menina é uma história com a qual os emigrantes portugueses se poderão associar, mas também sobre uma realidade universal, o amor dos pais pelos filhos. Um filme a não perder no cinema nacional com uma química incrível entre todos os protagonistas.

  • Menina estreou a 25 de abril nos cinemas

7/10

Tiago Ferreira

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