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Cinema: Crítica – Gritos 6 (2023)

Houve uma altura que a sequelas, por serem seguimentos de filmes altamente populares, se mudavam dos seus humildes bairros para a grande cidade. Mais pessoas, igual a mais opções de causar o medo, e menos probabilidade de adivinharmos quem está por detrás da máscara, ou o seu verdadeiro objectivo.

Tal como Jason Voorhees que em 1989 seguiu até Nova Iorque em Sexta-Feira 13 – Parte 8: Terror em Manhattan, ou em 1990 o Predador viajou até Los Angeles, o ressurgimento de Gritos, agora num formato híbrido de reboot-sequela, também encontrou o seu caminho até à Big Apple, em Gritos 6 (Pânico 6, no Brasil) onde a ameaça de Ghostface é multiplicada.

Depois dos eventos do quinto filme, as duas irmãs Sam (Melissa Barrera) e Tara (Jenna Ortega), juntamente com os seus amigos Mindy (Jasmin Savoy Brown) e Chad (Mason Gooding) mudaram-se para a faculdade em Nova Iorque. Ainda a recuperar do trauma, estes vêem-se de novo no meio de uma conspiração sangrenta, trazendo de volta uma das personagens favoritas da série: Kirby Reed (Hayden Panettiere), uma sobrevivente de um ataque por Ghostface.

Tal como seria esperado, a dupla de Radio Silence, constituída por Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, que regressam na realização do filme, elevam ainda mais a violência perpetrada do filme anterior, prometendo e cumprindo todas as promessas de mais sangue, de todas e quaisquer formas. Se anteriormente já roçava o gratuito, aqui cruza ligeiramente a linha, oferecendo-nos uma das viagens mais violentas do cinema moderno, onde o uso da célebre faca é eterna.

Por outro lado, estamos perante a continuação de um argumento que acabou por ser muito bem vindo pelos fãs, que em Gritos 6 já têm uma liberdade maior de se assumirem por eles próprios, já que as únicas personagens do legado é Gale (Courteney Cox) e Kirby, esta última num grande regresso como uma agente do FBI, em busca de vingança. Acontece que rapidamente nos apercebemos que o efeito novidade do quinto filme teve mais importância do que gostaríamos de admitir. A consequência disto é que a dada altura, já estamos tão familiares com as personagens, que a violência que lhes acontece de forma individual e coordenada é tanta que o suposto efeito deixa de ter o impacto desejado.

A forma que Bettinelli-Olpin e Gillett estão a tratar deste franchise, arriscando e abrindo novos caminhos para que Gritos se mantenha relevante no panorama cultural, começou bem, mas pode vir acabar mal se a tirania não for devidamente controlada. Isto porque estamos a um filme do fecho de uma nova trilogia, que poderá culminar na derradeira missão de sobrevivência contra Ghostface, seja quem estiver detrás da máscara; e há um cuidado necessário para que este não tropeça e caia por inteiro.

Assim, Gritos 6 prossegue em boa forma a renovação do adorado franchise, com algumas cenas que serão estudados como clássicos modernos – a cena no comboio é uma masterclass em tensão em pleno Dia das Bruxas com um espírito Nova-Iorquino. Mas existe também uma revelação que as coisas poderão não estar bem seguras nos carris desta montanha russa do terror, demonstrando um possível medo em controlar-se, entre arriscar novas ideias, e não arruinar o legado estabelecido. Só o tempo dirá.

Nota Final: 8/10

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