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Cinema: Crítica – Gritos (2022)

Decorria o final de ano de 1996 quando Wes Craven viu o primeiro Gritos a estrear nos cinemas norte-americanos. Depois de uma tentativa, mais ou menos bem sucedida, em trazer o meta-terror dois anos antes com O Novo Pesadelo de Freddy Krueger, o filme prezava-se pela sua modernidade, com um argumento de Kevin Williamson, esta acabado de descobrir que tinha talento para histórias assustadoras. O passo era de mestria, tal como era esperado por Craven, mas o seu impacto no cinema de terror e na cultura-pop em geral era incalculável, dando origem a mais quatro filmes, trazendo-nos até ao presente, com este Gritos a ser escrito e realizado pela dupla Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, mais conhecidos do colectivo Radio Silence.

25 anos depois dos assassinatos que assombram Woodsboro, um novo assassino aterroriza novamente a cidade com a sua máscara icónica de Ghostface, atacando um grupo de jovens, trazendo ao de cima alguns segredos do passado. Quando Tara (Jenna Ortega) é a primeira receber a visita, a sua irmã Sam (Melissa Barrera) regressa para descobrir quem é o culpado e como parar de uma vez por todas os assassinatos. A sua visita invoca também o regresso de Dewey (David Arquette), Gale (Courteney Cox) e Sidney (Neve Campbell), que querem ajudar.

Algo bastante notável nesta quinta entrada, é a paixão que Bettinelli-Olpin e Gillett injectam no filme, este uma verdadeira homenagem à obra de Craven. Motivados em fazer o falecido realizador orgulhoso, o atenção ao detalhe é visível, desde a recriação de diversas técnicas de cinematografia, à própria narrativa que interliga directamente com o legado. O argumento também está repleto de excelentes referências, como se uma reflexão ao género se tratasse, com o esperado bom humor que intercala com os diversos momentos de violência, às vezes extrema. Essa, é elevada a um novo nível, algo que podemos considerar novo nesta série. Em nenhum dos outros filmes vimos tanto sangue e carne como neste, sendo positiva a forma que a dupla contribuiu o seu talento para uma franquia tão amada.

Tal como o mistério original, adivinhar quem é que anda na matança faz parte o charme bem presente neste filme, com um leque de suspeitos novos, entre os quais os amigos de Tara, Wes (Dylan Minnette), Mindy (Jasmin Savoy Brown), Vince (Kyle Gallner), Liv (Sonia Ben Ammar). Amber (Mikey Madison) e Chad (Mason Gooding); o namorado de Sam, Richie (Jack Quaid), entre outros, construindo assim um ensemble de grande qualidade e que prometem deixar nos na ponta das cadeiras.

Assim, Gritos pode ser considerado um excelente caso de estudo em como cinco filmes cuja premissa base é semelhante consegue manter uma boa consistência das suas qualidades. Dito isto, Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett fizeram um brilhante trabalho de homenagear um dos mestres do terror. A partir daqui, creio que um novo filme a cada década é dose mais que suficiente para nos relembrar de onde é que o cinema de terror moderno ganhou asas e dar uma nova humildade aos restantes, sempre num tom divertido e sangrento.

Nota Final: 8/10

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