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Cinema: Crítica – Crime em Hollywood

Há histórias que ficam perdidas no grande ecrã, e Crime em Hollywood é uma dessas histórias. O neo-noir realizado por Tim Kirby, com um argumento por Howard Michael Gould, baseado no primeiro livro da sua saga literária, é um filme que começa por querer se distinguir, mas deixa passar a novidade rapidamente.

Seguimos a vida de Charlie Waldo (Charlie Hunnam), um ex-polícia tornado investigador privado reformado. Charlie vive numa auto-caravana no meio do nada e só pode possuir 100 coisas e absolutamente nada mais. Quando recebe uma visita de Lorena (Morena Baccarin), uma velha amiga, esta traz-lhe um trabalho de grande perfil: provar a inocência do actor Alastair Pinch (Mel Gibson) de ter morto a sua mulher. As provas parecem bastante óbvias, mas é quando Charlie é atacado que este decide ir até Los Angeles resolver as coisas, a bem ou a mal.

Crime em Hollywood procede em atirar-nos todos os elementos tradicionais de um mistério, mostrando-nos também o lado mais estranho de Los Angeles e as estrelas que dão à cidade a sua personalidade peculiar, que tanto nos sentimos atraídos como espectadores. O filme também assume com orgulho as suas influências noir, sobretudo na forma que utiliza as luzes e as sombras em muitas das cenas.

É nas suas personagens que o filme ganha mais, onde nenhuma é exactamente genérica, claramente desenvolvidas para deixarem algum tipo de impressão. Entre as situações agrestes que Waldo se coloca devido a terceiro, a dúvida se Alastair é ou não mesmo culpado pelo crime, condenado já na opinião pública, e as restantes personagens que aparentam estar a guardar algum tipo de segredo, há espaço para o espectador seguir as pistas e resolver este crime. Acontece que este sentimento de estarmos a ver algo novo passa demasiado depressa.

Ainda que se possa prezar o filme pela sua narrativa e as suas personagens, aquilo que parece ser algo refrescante num panorama que tanto necessita de ideias alternativas, muito rápido perde a piada por estar constantemente a testar os limites da peculiaridade. Imagina-se bem que num formato literário, a mesma abordagem terá outro tipo de sucesso, que no cinema poderá não se traduzir na melhor forma, sobretudo quando a narrativa tem buracos propositados para nos deixar a adivinhar o que vem a seguir.

Assim, Crime em Hollywood é um filme que cativa ao inicio, mas que faz de bobo da corte ao brincar com a inteligência ao tentarmos decifrar o mistério. Enquanto que o elenco demonstra uma faceta diferente ao que estamos habituados, o resultado final pode não ser do maior agrado para um público à procura de algo mais linear. Gould já publicou o segundo livro da saga em 2019 e é muito bem possível que a adaptação da sequela seja melhor recebida se repensada com outro efeito.

Nota Final: 5/10

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