Cinema: Crítica – Boogeyman (2023)
Rob Savage tem sido um dos nomes que tem ganho mais atenção dentro dos círculos do cinema de terror. Em plena pandemia, em 2020, Host agarrou nos medos das chamadas de Zoom e em apenas 57 minutos, elevou a um nível aterrador. No ano seguinte, este realizou Dashcam, em colaboração com a Blumhouse, continuando a temática tecnológica, mas com um filme muito diferente do que alguma vez poderíamos ter esperado. Boogeyman é a sua estreia junto a um grande estúdio, uma tarefa ainda mais árdua, considerando o reportório de qualidade variável que são as adaptações das obras de Stephen King.
Enquanto que Sadie Harper (Sophie Thatcher) e a sua irmã mais nova Sawyer (Vivien Lyra Blair) ainda estão de luto pela perda da sua mãe, o pai, Will (Chris Messina) tenta adaptar o seu papel paterno para uma situação trágica. Quando o mesmo recebe uma visita inesperada de um homem misterioso chamado Lester Billings (David Dastmalchian) muda o percurso da família, ao trazer uma entidade aterradora para a casa deles.
O que se segue é uma narrativa que constrói sobre o medo que é o Boogeyman, pouco-a-pouco, onde Savage dá tempo não só às personagens de passarem pela experiência de serem assombradas, como também ao próprio monstro titular, que felizmente não se mantém apenas na escuridão. Este desenvolvimento vai acontecendo de forma mais ou menos natural, mas uma vez que abra a porta com as suas verdadeiras intenções, o filme torna-se imparável em ser aterrador até ao fim. Por vezes distrai-se em tentar expôr o conceito do monstro e das consequências deixadas para trás junto a outras vítimas, mas é quando chega ao culminar, nada é capaz de impedir o caos que advém.
Entretanto a realização de Savage, infelizmente, acaba por não demonstrar nada demais do seu talento, cumprindo o expectável tom de filme de grande estúdio, não arriscando em demasia a sua criatividade visual. É possível que por ser o primeiro filme desta dimensão, este possa ter optado por um jogo seguro, mas esperamos que no futuro Savage demonstre as suas verdadeiras capacidades cinematográficas. Por outro lado, o design de som garante que de vez em quando estamos a olhar para trás, porque de repente ouvimos um som estranho algures.
Com isto, Boogeyman é um filme de terror remanescente daqueles lançados no meio da década de 2000, mas com mais competência e uma maior noção narrativa, não repetindo os muitos erros que continham, de alguma forma corrigindo os males do passado. É um filme que aborda o lado do terror psicológico acima dos restante, ainda com algumas expectativas contidas, mas tanto fãs do género, como fãs do material original, irão sair bastante satisfeitos.
Nota Final: 7/10
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.