Crítica – Amor à Segunda Vista (Mon inconnue)
Hugo Gélin não é um nome estranho para os portugueses, já que o realizador parisiense foi produtor de A Gaiola Dourada, o clássico moderno de Ruben Alves, retratando a vida de alguns portugueses em França. Desta vez, Gélin regressa com uma reviravolta numa comédia romântica, em Amor à Segunda Vista.
Conhecemos Raphaël (François Civil) e Olivia (Joséphine Japy), dois jovens que se conhecem no liceu e se apaixonam. Raphaël é um aspirante escritor, tornado romancista popular, com as suas histórias de Zoltan para o público juvenil; Olivia é uma aspirante pianista, acabando por ser professora do instrumento para os mais novos. A vida perfeita que tinham começado a criar, acaba por os afastar um do outro. Isto até Raphaël adormecer e acordar num universo paralelo, onde ele é um professor de línguas no liceu e Olivia é considerada uma das maiores pianistas da sua geração. Forçado a tentar encontrar uma solução, Raphaël tem que descobrir como vai voltar à sua vida antiga.
Não é comum ver um pitada de ficção científica a tingir um outro género mais associado a outro público, resultando aqui numa brilhante ideia de oferecer algo de novo nas tradicionais histórias de amor do cinema, ainda para mais francesas, que têm uma tendência de seguir algumas fórmulas de sucesso garantido. Vivendo nós numa altura onde termos como “multiverso” e “mundos paralelos” tornam-se novamente ideias de moda, Amor à Segunda Vista aborda-os de uma forma acessível, sem se fiar em toda a componente cientifica, relembrando o clássico de 1993, O Feitiço do Tempo, ao qual o filme faz uma menção divertida.
Por outro lado, existe um balanço equilibrado entre a comédia e o romance, dando tempo para que possamos conhecer ambas personagens e notar o contraste das suas diferenças entre mundos. É fácil deixar-nos levar por todo o encanto da situação presente, com Raphaël a ter que convencer Olivia a apaixonar-se por si novamente, sendo ele o único que se apercebe que algo está diferente, oferecendo muitos momentos cómicos com o seu melhor amigo Félix (Benjamin Lavernhe), que parece ser o único a acreditar nele.
Ainda que mais perto do fim o filme parece-se esquecer de toda a componente sci-fi e das regras físicas envolvidas, em função de concentrar no romance, Amor à Segunda Vista é uma prova interessante em como dois géneros distintos poderão se misturar, com a devida atenção e cuidado, culminando numa história adoravelmente divertida, onde é impossível não sentir o amor no ar, tornando-se no filme perfeito para o Dia dos Namorados que se avizinha.
Nota Final: 7/10
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.