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Cinema: Crítica – A Rapariga Selvagem (2022)

As adaptações literárias frequentemente têm algumas diferenças abismais, muitas vezes para tornar a narrativa cinematográfica mais interessante e apelativa. É por isso que fãs do livro A Rapariga Selvagem poderão contar com uma adaptação fiel ao romance de Delia Owens, produzido por Reese Witherspoon e protagonizado por Daisy Edgar-Jones.

Kya (Edgar-Jones) é uma rapariga que vive no meio do pântano em Carolina do Norte. Os abusos físicos e psicológicos do seu pai obrigou a mãe e os irmãos a saírem de casa e procurarem vidas melhor, deixando-a sozinha. Kya aprendeu a viver com o monstro enquanto crescia, até que a certo dia, é abandonada por ele também. Sozinha, Kya tenta prosseguir com a sua vida natural, conhecida na vida como a Rapariga Selvagem. Agora acusada do homicídio de um rapaz local, Kya terá que provar a sua inocência com a ajuda do seu advogado.

No que toca à narrativa, A Rapariga Selvagem deixa-nos inicialmente intrigados, a pensar se Kya é realmente a homicida. As coisas dão uma volta quando ouvimos a sua história de vida e tudo aquilo que passou, algo que nos quer deixar simpatizar com a sua natureza de forasteira. No entanto, não existe nada de propriamente interessante sobre a sua vida, pelo menos que seja merecedor de uma obra do género; todos os aspectos desta história já foi vista e revista numa longa lista de filmes entre o final da década de 90 e início de 2000. Felizmente, vai equilibrando as coisas boas e menos boas dessa era, mantendo um mínimo de interesse.

Talvez o que faça valer a pena é a interpretação de Daisy Edgar-Jones, que aqui brilha como protagonista principal, à medida que vai aprendendo a integrar o mundo que tanto lhe quer deixar de fora. Seja no amor, ou a sua inteligência natural, ao ter uma percepção diferente das coisas e pessoas que lhe rodeiam, é uma personagem que por mais cliché que acabe por ser, esforça-se por ser interessante, com resultados mistos; aliado a incríveis paisagens que não pensaríamos possível num pântano.

O outro lado disto é a ligação que a autora do livro original tem perante a narrativa, com muitos a fazerem comparações à sua vida real: Delia Owens está ligada a um vídeo onde um caçador furtivo é morto, tendo Owens e a sua família fugido de Zambia. Independente disso, a obra existe, e o livro foi um dos grandes bestsellers dos últimos anos, resultando na adaptação deste filme.

Com isto, A Rapariga Selvagem não apresenta nenhuma novidade, sendo uma adaptação literária bastante modesta e contida, não aparentando fugir muito do material original. Como filme, apenas se destaca a actriz principal, que aqui faz bom proveito da oportunidade de ser uma espécie de estreia no grande ecrã, pelo menos como protagonista.

Nota Final: 6/10

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