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Análise jogos: Stacklands e Simmiland

Stacklands e Simmiland: um colony builder e um god game de cartas? Eureka! Dois exemplos de simplicidade genial.

O Steam 3000 Summer Sale arrancou no passado dia 23 e decidi dar uma espreitadela aos títulos em destaque (ou que o Steam me sugeria). Não vos vou falar das muitas coisas boas que vi neste artigo, até porque conto analisar alguns títulos em promoção e dar-vos a minha humilde opinião para talvez vos ajudar a decidir se os acrescentam às vossas bibliotecas… ou não!

Comecemos por Stacklands e Simmiland. Após alguns minutos de scroll e pesquisa, tropecei num título que nunca tinha ouvido falar: Stacklands. A conjugação entre análises Extremamente Positivas e preço a 2,99 € prendeu-me imediatamente a atenção e decidi investigar. Sou fã incondicional de colony builders, já os jogos de cartas? Hmm… Bem sei que estão na berra e há alguns bons, mas nunca foi o meu género de eleição. Mas espera. Está incluindo num pacote a 3,73 € com um jogo de simulação de poderes divinos. Pronto. Está decidido. Também não se perde muito e logo se vê se foi uma boa decisão. E que boa decisão foi!!!

Optei por analisar estes dois títulos em conjunto já que, embora cada um valha por si mesmo, foram desenvolvidos pela mesma equipa e integram o seu próprio pacote do Steam.

Não conhecia a Sokpop (a empresa que desenvolveu e distribui os jogos), mas, agora que conheço, esta equipa ganhou mais um seguidor. Têm no cardápio uma série de jogos, com alguns dos quais já me tinha cruzado (por exemplo, Pyramida), que seguem a mesma linha: simplicidade. Desengane-se quem pensar que se trata de uma desvantagem em videojogos, especialmente quando falamos de jogos de estratégia. Pelo contrário, a Sokpop demonstra, nomeadamente com estes dois títulos em análise, que a simplicidade tem o potencial de proporcionar muitas horas de entretenimento de alta qualidade.

Stacklands

Stacklands propõe-nos o objetivo de construir e desenvolver a nossa aldeia a partir do nada, até se tornar numa colónia pujante e capaz de se defender, enquanto nos deparamos com diversos eventos que nos vão obrigando a adaptar a estratégia. Mas este não é um colony builder normal. Em Stacklands, jogamos com cartas! À primeira vista, fiquei um pouco cético com o conceito, mas bastaram-me dez minutos de jogo para ficar convencido de que a mecânica funciona na perfeição e de que estava perante um colony builder capaz de ombrear com jogos bem mais “pesados”.

Começamos com um aldeão, alguma comida e alguns recursos. Ao início, estamos um pouco perdidos e sem saber bem o que fazer, mas o jogo é incrivelmente intuitivo e apresenta-nos uma lista de objetivos a alcançar que nos guia ao longo da experiência, sem ser minimamente condescendente. Depois de construirmos casas, cabanas e outras infraestruturas (como uma fonte constante de comida, já que temos de alimentar os nossos aldeões no final de cada dia) com as cartas de recursos que vamos ganhando, o jogo começa a ficar mais profundo. Passamos então a deparar-nos com inimigos, descobrimos cemitérios, catacumbas, tesouros e outros mistérios. Para avançarmos no jogo, temos de ir desenvolvendo a nossa colónia e os nossos aldeões, treinando soldados e exploradores — para tal, temos de ir encontrando cartas de ideias, que nos ensinam a fazer tudo isto. Mas estas não são fáceis de encontrar e o jogo obriga-nos a merecê-las.

Enfim, já perceberam a ideia: o que começa por parecer um jogo simples, depressa se torna numa cativante e profunda aventura.

Comecei a jogar Stacklands por volta das 18h15 e, passados 5 minutos, eram 21h00 e tinha mesmo de ir jantar! Sim, estamos perante um desses terríveis devoradores de horas. O jogo apresenta-se como um roguelike, gravando as ideias e os objetivos que se conseguem numa partida para a próxima, não tendo assim de se começar do zero sempre que se inicia um novo jogo, mas também existe essa opção. Não vos prometo centenas de horas no jogo, até porque eu próprio não joguei o suficiente para saber exatamente até onde pode ir uma aventura, mas podem ter a certeza de que têm aqui um jogo muito divertido.

Não vos consigo referir grandes pontos negativos do jogo, já que, na minha opinião, cumpre o conceito a que se propõe na perfeição. Talvez em termos de gráficos e som não seja uma obra de arte, mas lá está: nunca tentou ser, pelo que estes aspetos se tornam irrelevantes.

Classificação: 7,5/10

Stacklands é um título que vale, sem a mínima dúvida, explorar. É um jogo extremamente bem conseguido pelo conceito em si e pela forma como foi executado É sem reservas que digo que consigo pensar nuns quantos colony builders RTS ou por turnos que ficam uns bons furos abaixo de Stacklands. Para mim, foi uma surpresa e uma experiência muito agradável.

Simmiland

Simmiland é um jogo de simulação de poderes divinos com mecânica roguelike lançado em 2018, embora os gráficos sugiram umas boas décadas antes. Contudo, seguindo um pouco a linha de Stacklands, este é um aspeto completamente secundário no jogo.

Em Simmiland, assumimos o papel de deus, em que a nossa função resume-se a inserir elementos no mundo que vão moldando o desenvolvimento da humanidade. Começamos apenas com algumas cartas que vamos colocando em jogo para estimular a interação do ser humano — controlado por IA, completamente autónomo. Através de chuva, sol, vento, tempestades e outros elementos, a humanidade vai recolhendo recursos, mas começa por ser bastante limitada em termos de ferramentas e tecnologia. Cabe-nos a nós utilizar cartas de pesquisa para ajudar nestes avanços. Mas todas estas cartas têm um preço: fé. Para ganhar fé, convém cumprir os desejos das pessoas, que podem ir desde chuva e sol, até meteoritos e pestes.

A mecânica do jogo é muito inteligente e obriga o jogador a puxar pela cabeça para conseguir desenvolver a espécie humana, se bem que existe sempre a possibilidade de fazer o que bem lhe dá na real (ou divina?) gana — afinal de contas, o deus somos nós e o mundo é o nosso recreio!

Simmiland é um pequeno, mas bom jogo. Quem gosta deste género de simuladores vai, com toda a certeza, passar bons momentos com o jogo a experimentar mil e uma formas de desenvolver ou infernizar a Humanidade. A ideia é simples, mas divertida e bem executada.

Como aspeto menos positivo, diria que, mesmo com a mecânica roguelike, o jogo é algo limitado no que toca ao conteúdo que oferece. Além disso, embora de relevância assumidamente secundária, não vejo razão para os gráficos e o som não serem um pouco mais trabalhados.

Classificação: 6,5/10

De execução um pouco inferior, na minha opinião, a Stacklands. Porém, não deixa de ser um jogo divertido que recomendo sem hesitar, especialmente tendo em conta o preço.

Para terminar, fica a dica indispensável: Explorem estes e outros títulos da Sokpop — suspeito que esta equipa tenha outras cartas na manga!

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