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Análise jogos: The Enjenir

The Enjenir

De fundações bem assentes, o Central Comics experimentou The Enjenir, um jogo com estrutura para conteúdo sem fim.

Sinopse de The Enjenir

Veste o capacete e coloca as tuas competências de resolução de problemas à prova em The Enjenir, um hilariante jogo de construção em 3D com base em leis da física, em que podes testar as tuas criações com o mais desajeitado engenheiro da Idade Média.

The Enjenir é um projeto de amor criado por engenheiros estruturais e desenvolvido pela PeatyTurf, que o lançou 18 de dezembro de 2023.

Engenheiro, mas desajeitado!

Análise de The Enjenir

A indústria dos videojogos conta com géneros bem definidos, começando pelos jogos de ação, FPS e bullet hell, passando pelos RPG carregados de narrativa, até aos de estratégia como 4X e city builder. No entanto, por vezes, surgem títulos que não se encaixam bem em nenhum dos clássicos e encontram o seu próprio nicho, como é o caso de The Enjenir.

Durante a minha experiência neste jogo em que temos de puxar pela cabeça para resolver problemas, o meu maior desafio foi resolver a frustração que se apoderava de mim quando tinha de testar as minhas criações.

De puxar pela cabeça.

História de The Enjenir

The Enjenir é um jogo de progressão livre em que podemos, mais ou menos, fazer o que bem entendemos, pelo que a narrativa a seguir não é um aspeto central do jogo, na minha opinião. Com a Idade Média como pano de fundo, assumimos o papel de engenheiro real na pele de um simpático pateta a quem cabe resolver os problemas de infraestrutura do reino.

Há ainda que referir que tudo isto é regado com um excelente sentido de humor.

Pateta de bom humor.

Jogabilidade de The Enjenir

Neste estilo de jogos em que temos de resolver os problemas que nos são apresentados estando sujeitos às leis da física — recordo-me, por exemplo, de Totally Accurate Battle Simulator (TABS) e até de Kerbal Space Program (KSP) — o mundo é o nosso recreio e podemos experimentar tudo ao nosso dispor, sem quaisquer limites a não ser a nossa imaginação e criatividade.

Em The Enjenir, enfrentamos vários níveis com os seus próprios problemas específicos por resolver, como parar a progressão de um calhau, impedir que gatos selvagens invadam a horta, ou criar um veículo capaz de carregar batatas. Para tal, temos ao nosso dispor inúmeros objetos e ferramentas que podemos usar para atingir o que pretendemos. Esta é a parte do jogo que apela à vertente engenhocas dos jogadores, privilegiando uma abordagem pragmática e quasicientífica.

Porém, há um segundo lado da jogabilidade que se revela quando testamos as nossas criações. Para o fazermos, temos de controlar o nosso «enjenir» e interagir com o mundo. O problema é que o tipo é um autêntico boneco de trapos com o controlo motor equivalente ao de um jovem de 16 anos a sair do Urban às 6 da manhã. Para melhor descrever o controlo que temos sobre o nosso personagem, vou recorrer à descrição que um jogador da comunidade deixou no Steam, numa tradução livre: «Parece que estamos num daqueles pesadelos em que nenhum dos nossos músculos funciona como deve ser».

Engenhocas e boneco de trapos.

Gráficos e som deThe Enjenir

Os gráficos de animação 3D são simples, o que me parece necessário para o que The Enjenir pretende alcançar.

O som acompanha o tema geral do jogo e remete para um sentido mais humorístico, fazendo quase parecer que o jogo está a gozar connosco por não conseguirmos resolver os problemas.

Ser engenheiro não é nada fácil.

Postas de pescada e um par de botas

Tenho alguma pena de ter sido eu a testar este jogo, que me parece ter uma qualidade bem superior à minha capacidade para o apreciar. Gostei muito de KSP e passei lá dezenas de horas, assim como em TABS. Também achei piada a jogos com controlos de boneco de trapos como Heave Ho ou Yolked. Contudo, não me foi fácil lidar com a frustração inerente à combinação destes géneros, cada um muito específico e de nicho.

Em KSP passava horas a criar as minhas naves e a testá-las, enquanto em TABS passava horas a criar estratégias militares e a testá-las, ambos com uma jogabilidade que recompensa o pensamento estratégico. Já em Heave Ho e Yolked o importante é a nossa perícia em dominar o boneco de trapos e dar umas boas gargalhadas quando a coisa dá para o torto. The Enjenir combina estas duas vertentes, o que é hilariante na maioria das vezes, mas, para mim, resultou numa experiência por vezes frustrante por não conseguir perceber se o problema quando falhava era da minha perícia ou das minhas construções.

+++

Potencial para horas intermináveis de conteúdo, tanto por repetibilidade como por partilha de criações da comunidade, e humor.

Frustração causada pela mistura de géneros e me impedia de perceber se era mau engenheiro ou tinha mau controlo motor.

Incompetente, desajeitado, ou ambos?

Classificação: 7,5/10

É com alguma hesitação que não dou uma nota mais alta, já que reconheço que The Enjenir é um jogo muito divertido. Acima de tudo, é-me fácil reconhecer que o jogo não tem qualquer problema grave (além de uma ou duas questões de otimização) e que a falha está na minha incapacidade de lidar com a minha frustração por falhar. Porém, se atribuísse uma nota mais alta aqui, que nota de 0 a 10 daria a KSP? 15?

The Enjenir está disponível no Steam a 14,79 €.

Para terminar, fica a dica indispensável: por favor, não joguem a este jogo e pensem que estão aptos a ser engenheiros estruturais — já temos Senhores Engenheiros de sobra no nosso canto à beira-mar plantado.

Plataforma testada: PC

Gameplay de The Enjenir:

Trailer de The Enjenir:

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