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Análise BD: Saga vol 12

O Volume 12 de Saga chegou como quem volta de férias demasiado longas, com ar relaxado, mas a esconder um trauma emocional que nos vai cair em cima ao virar da primeira página. 

Brian K. Vaughan e Fiona Staples não vieram brincar, vieram sim, deixar mais uma camada de caos sentimental naquele universo onde ninguém é normal, todos têm sarcasmo, e a única constante é o aumento do número de feridas (emocionais… e às vezes sem as metáforas).

Lançamento: SAGA - Volume 12

Se Saga fosse uma pessoa, este volume era aquela fase em que a pessoa diz “já estou melhor” enquanto atira um copo contra a parede. Há avanços, retrocessos, discussões familiares que fariam qualquer terapeuta levantar a sobrancelha, e aquela sensação clássica de “ai meu Deus, o que é que eles vão estragar agora?”.

A arte continua tão boa que irrita. Cada página parece ter sido desenhada com a expressão “não, vocês não estavam preparados para isto”. 

A paleta continua vibrante, suja quando precisa, bonita quando quer, e sempre desconfortavelmente íntima. Há artistas que fazem desenhos. A Fiona Staples parece que desenha sentimentos que saíram de uma ressaca emocional. Já deu para perceber que Saga é uma das minhas séries favoritas não deu?

O foco continua muito virado para a sobrevivência emocional e física dos protagonistas, que já deviam ter cartão de pontos num hospital intergaláctico. E, claro, nada diz “relacionamento saudável” como fugir de assassinos, lidar com traumas e ainda ter de fazer educação parental. Saga mantém aquela magia única; faz-te rir numa página e repensar o sentido da vida na seguinte.

O humor aqui está na medida certa; irónico, inteligente, sempre com aquela sensação de “isto devia ser trágico mas eu continuo a rir, o que está errado comigo?”. 

Lançamento: SAGA - Volume 12

Mesmo em momentos tensos, há espaço para aquela piada certeira que te lembra porque é que Saga não é só uma banda desenhada e funciona como uma terapia que dói mas sabe bem.

O Volume 12 é Saga a ser Saga, não podendo dar spoilers apenas posso dizer que continua emocionalmente devastador, visualmente brilhante, narrativamente viciante. 

É como reencontrar velhos amigos… que estão sempre um passo de morrer ou cometer um erro monumental. E nós, claro, continuamos aqui, felizes, a sofrer com eles.

Se fores fã, este volume confirma porque ainda estás preso à série.

Se não fores… bem, provavelmente ainda não leste o Volume 1.

Lançamento: SAGA - Volume 12

Carlos Maciel

O Carlos gosta tanto de banda desenhada que, se a Marvel, a DC, os mangas, fummeti, comic americano e Franco-Belga fundissem uma religião, ele era o primeiro mártir. Provavelmente morria esmagado por uma pilha de livros do Astérix e novelas gráficas 😞 Dizem que cada um tem um superpoder; o dele é saber distinguir um balão de pensamento de um balão de fala às três da manhã, depois de seis copos de vinho e um debate entre o Alan Moore e o Kentaro Miura num café existencial em Bruxelas onde um brinde traria um eclipse tão negro quanto dramático, mas em que a conta era paga pelo Bruce Wayne enquanto o Tony Stark vai mudar a água às azeitonas.

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