Análise BD: Dylan Dog/Dampyr – O Detective e o Caçador
Há muito que este crossover entre Dylan Dog e Dampyr (Harlan Draka), publicado no Verão de 2017 pela Sergio Bonelli Editore, merece destaque como uma das mais representativas obras de BD do universo destas personagens que a editora A Seita deu a conhecer ao público português. «DD e D» poderia sumarizar como um título minimalista este encontro que se dá em dois volumes de «O Detective e o Caçador» (Dylan Dog #371: Arriva il Dampyr e Dampyr #209: L’indagatore dell’ incubbo) que se cruzam numa história de confronto com vampiros.
Esta história acarinhada pelos habituais leitores de Dylan Dog e Dampyr surgiu como uma ideia do criativo Roberto Recchioni (n.1974) que contou com a colaboração de Giulio Gualtieri (n.1985) e Daniele Bigliardo (n.1963) no primeiro volume que descreve a primeira interação — carregada de ação — entre o detetive do pesadelo DD e a equipa de Dampyr numa discoteca de Londres em que surge a misteriosa Lagertha, perseguida por tudo e todos, mulher que na verdade é a procurada escudeira de Lodbrok, um Senhor da Noite. Atrás de Lagertha, por quem DD se deixa encantar, como não poderia deixar de ser, vêm todos os sarilhos que envolvem a noite de Craven Road no mais completo terror e o força a cooperação um tanto relutante com a equipa de Draka.
Mais do que notáveis e perigosos vampiros, o maior destaque está em Lodbrok, o temível senhor que persegue Lagertha, motivado pelo sentimento de traição para com a sua escudeira, que o serviu desde tempos imemoriais, mesmo durante o período da Alta Idade Média, quando Lodbrok era um reconhecido senhor Viking que lançou um feroz ataque contra a Inglaterra Saxónica antes de ter sido repelido por outro Senhor da Noite: Lorde Marsden, também inimigo de Harlan Draka. Naturalmente, Lodbrok também anseia pela vingança contra Marsden, o que forçou Lagertha a tentar sabotar os seus planos, ciente que Marsden é bem mais perigoso e poderia destruir Lodbrok.
O segundo volume conduz Dylan Dog e a equipa do Dampyr até uma remota ilha da Escócia onde se dá o segundo confronto entre Lodbrok e as suas tropas de vampiros, trajados como autênticos guerreiros vikings, fiéis à sua própria história de salteadores dos mares. Nesta segunda parte empolgante, onde surge uma dada série de revelações sobre o passado de Lodbrok, o perigo que representa o seu grupo e como Marsden tenta acompanhar, de longe, a luta entre os seus inimigos, contamos com o argumento de Mauro Boselli (n.1953) e a arte de Bruno Brindisi (n.1964.)
Para quem aprecia todo o conjunto de elementos sobrenaturais, alicerçados em cenários de atmosferas tensas e fiéis a elementos lendários ou do passado turbulento em que os piratas escandinavos tinham fama de serem impiedosos inimigos, temidos por muito boas razões, não deixará de se interessar por esta história, digna de homenagear os melhores autores que cruzam a melhor ação e conceito de pura aventura com o mais duro suspense e digno imaginário do terror.
Cada um dos volumes de capa dura deste crossover que é a história de duas partes de O Detective e o Caçador tem cerca de 100 páginas cada e os desenhos, realistas e detalhados, são a preto e branco, como é habitual reconhecermos nas histórias de Dampyr ou Dylan Dog. Traduzidos para português por Mário João Marques, estas publicações de A Seita, dentro da Coleção Aleph, contam ainda com a coordenação de José Hartvig de Freitas, o grafismo e a legendagem de Hugo Jesus, a revisão de Arnaldo Pedro e a clara colaboração dos editores Pedro Castello Branco, João Miguel Lameiras e Mário Marques.
Análise “Um Oceano de Amor” – Edição física
Fascinado por História da Arte e pelo Universo Criativo da Ficção, é um entusiasta consumidor de Banda Desenhada além de leitor assíduo de obras de Ficção Científica e de Terror, com particular predileção pelo Oculto e o Sobrenatural
