Análise BD: Batman/Dylan Dog – A Sombra do Morcego
Batman e Dylan Dog unem forças num sombrio crossover entre crime e oculto, onde o mistério, o terror e a ação se cruzam numa aventura imperdível.
Há muito que se tornou claro para um elevado número de autores ligados a editoras de BD tão distintas como a DC Comics e a Sergio Bonelli Editore um facto inegável: O cruzamento entre as histórias de detetives e a temática do sobrenatural ou do oculto seduzem fãs expectantes sobre o valor do mistério e do suspense no contexto da exposição do mundo do crime.
O crime, enquanto elemento transgressor e desafiante, surge nas melhores obras de ficção. Isto é sobretudo verdade para quem devora livros, álbuns ou revistas cuja temática pode beber da melhor tradição de contos iniciada por Edgar Allan Poe (1809 – 1949), ciente que a violência é uma condição muito própria da complexa natureza humana, indispensável ao lado marginal ou por vezes incompreendido da existência e dos loucos ou obcecados que revelam ser um perigo para todos os outros.
É certo que uma história que explora o encontro entre um vigilante como Batman e um investigador muito invulgar como Dylan Dog só poderia ter como referência algo do género: É a violência e o crime de braços dados com o insólito que leva dois detetives muito diferentes a estabelecer uma parceria. E assim surgiu a imaginária colisão entre dois mundos distintos, como se fizessem parte de um só, que é a obra de BD Batman/Dylan Dog: A Sombra do Morcego.
Este crossover é um exclusivo que junta pela primeira vez estas duas personagens das duas editoras já aqui mencionadas: A DC Comics e a Sergio Bonelli Editore permitiram que uma edição especial explorasse uma aventura digna de interessar e fascinar tantos os que gostam do mundo sobrenatural como as histórias de detectives, contando ainda com a presença e cooperação de outras personagens tão invulgares, como John Constantine, o demónio Ertigan e a poderosa médium Madame Trelkovski.
O que une Batman e Dylan Dog é a perigosa colaboração entre o vilão Joker e o Doutor Xabaras em Londres, cujo trabalho conduz a um conjunto de experiências insanas para ressuscitar os mortos, combinando uma das fórmulas sinistras de Xabaras com a tóxina Smilex desenvolvida por Joker. Mas por detrás destas experiências revela-se um objetivo ainda mais insano, que é o da ressurreição do assassino em série Christopher Killex, responsável por mutilar e esfolar pessoas em busca da sua alma, como se pudesse encontrá-la nalgum elemento corporal e físico.
Se inicialmente as ruas (ou mais os esgotos) de Londres parecem ameaçadas por mortos-vivos invulgares, o perigo parece escalar a cada mudança de capítulo, quando os cenários mudam e conduzem não só a uma marcante passagem pelo Inferno pela busca de Killex até os dois protagonistas voltarem as suas atenções para Gotham City, onde o mais perturbador dos vilões, induzido por Joker, leva a cabo um elevado número de assassinatos inquietantes.
Entre loucos e psicopatas, ficando patente as diferenças entre os diversos níveis de monstruosidade humana, que não é imune à presença desafiante de personagens como Killer Croc (colaborante com Joker) e o demónio Ertrigan, Batman e DD fazem os possíveis para travar o que aparentemente só deixa de matar se não for morto primeiro.
Mas que não se pense que a ação, a violência e o drama contagiam a tal ponto esta história que não encontramos melhores focos para a reflexão e a diversão. Felizmente, personagens como Catwoman, Groucho e Alfred Pennyword permitem quebrar com a seriedade mais densa e enriquecem a dimensão da história incluindo alguma dosagem de humor, contrastada pelo ar mais soturno do Inspector Bloch e do Comissário Gordon.
A história A Sombra do Morcego foi escrita por Roberto Recchioni (n. 1974) e conta com os desenhos de Werther Dell’edera (1975) e Gigi Cavenago (1982) pertencente a uma edição especial de 2024. O álbum de capa dura publicado por A Seita no presente ano de 2025 (Abril) para o público português e que faz parte da Coleção Aleph conta com mais de 220 páginas de desenhos intensamente coloridos, expressivos da qualidade da arte dos seus autores.
A equipa de A Seita que contribuiu para a edição em Portugal deste crossover Dylan Dog/Batman contou com a colaboração dos editores João Antunes, João Miguel Lameiras, José Pedro e Castello Branco, Luís Taklin, Mário João Marques e Pedro Bouça, além do notável trabalho de tradução de Mário João Marques, a revisão de Arnaldo Pedro e a legendagem e grafismo de Frederica Claro de Armada.
Gratos por todo este trabalho e envolvência, podemos referir que tantos os fãs do «Detective do Pesadelo» como do «Cavaleiro das Trevas», além claro, dos amantes de histórias de investigação relacionadas com o universo da magia, do reino do sobrenatural ou paranormal e do mundo da criminologia ou dos detectives, terão um elevado apreço por este álbum.
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Fascinado por História da Arte e pelo Universo Criativo da Ficção, é um entusiasta consumidor de Banda Desenhada além de leitor assíduo de obras de Ficção Científica e de Terror, com particular predileção pelo Oculto e o Sobrenatural
