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A Flor do Buriti: Salaviza e Messora regressam a Cannes

A Flor do Buriti, o novo filme do português João Salaviza e da brasileira Renée Nader Messora, foi selecionado para a secção Un Certain Regard do Festival Internacional de Cinema de Cannes, que decorre de 16 a 27 de maio em França. Em 2018, a mesma dupla venceu o Prémio Especial do Júri na mesma categoria.
João Salaviza e Renée Nader Messora

A Flor do Buriti é a segunda longa-metragem da dupla de realizadores, filmada na da terra indígena de Kraholândia, no Brasil. De acordo com o comunicado da produtora, o filme “inicia-se em 1940, onde duas crianças do povo indígena Krahô encontram na escuridão da floresta um boi perigosamente perto da sua aldeia. Era o prenúncio de um violento massacre, perpetuado pelos fazendeiros” onde morreram dezenas de nativos. “A violência praticada naquele momento continua a ecoar na memória das novas gerações“.
A Flor do Buriti, que vai ter estreia mundial na secção Un Certain Regard, do Festival de Cinema de Cannes, retrata a “história de resistência do povo Krahô ”, refere-se.

A Flor do Buriti

 
A realizadora Renée Nader Messora explica que esta obra “nasce do desejo em pensar a relação dos Krahô com a terra, pensar em como essa relação vai sendo elaborada pela comunidade através dos tempos. As diferentes violências sofridas pelos Krahô nos últimos 100 anos também alavancaram um movimento de cuidado e reivindicação da terra como bem maior, condição primeira para que a comunidade possa viver dignamente e no exercício pleno de sua cultura”.

João Salaviza acrescenta que não partiram de um argumento fechado, “a questão da terra é a espinha dorsal do filme. Propusemos aos “atores” trabalhar a partir desse eixo, criar um filme que pudesse viajar pelos tempos, pela memória, pelos mitos, mas, que, ao mesmo tempo fosse uma construção em aberto realizada enquanto fossemos filmando. A narrativa foi sendo construída com a Patpro, o Hyjnõ e o Ihjãc, que assinam igualmente o argumento”.

Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos


A Flor do Buriti foi filmado durante quinze meses, em película 16mm. Assim como em “Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos”, o anterior filme destes realizadores, que lhes valeu o Prémio Especial do Júri igualmente na secção Un Certain Regard, no Festival de Cannes, em 2018, a equipa era  reduzida e era composta por indígenas e não indígenas. A narrativa construiu-se utilizando relatos históricos baseados e a realidade atual da comunidade.
 
A Flor do Buriti foi produzida pela Karõ Filmes numa coprodução Portugal / Brasil e contou com apoio do ICA, RTP e ANCINE. 

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