Morte do Papa Francisco agita as plataformas de streaming
A morte do Papa Francisco, ocorrida a 21 de abril, desencadeou uma onda de homenagens e reflexões a nível global — e também um aumento expressivo na procura por conteúdos audiovisuais que abordam o Vaticano, o papado e a própria figura do pontífice. Entre os destaques estão filmes como Conclave (2024) e Dois Papas (2019), cujas audiências dispararam logo após a notícia do falecimento.

A procura pelo filme Conclave, realizado por Edward Berger e protagonizado por Ralph Fiennes e Stanley Tucci, aumentou 283% no dia 22 de abril, totalizando 6,9 milhões de minutos visualizados, segundo dados da Luminate. A longa-metragem, nomeada aos Óscares de 2024, foca-se no processo de eleição de um novo Papa e pode ser vista na Prime Video, sem custos adicionais para assinantes.
Também Dois Papas, de Fernando Meirelles, disponível na Netflix, voltou à atenção do público, registando um aumento de 417% na audiência — de 290 mil para 1,5 milhões de minutos vistos entre domingo e segunda-feira. O filme, que retrata o encontro ficcionalizado entre o Papa Bento XVI e o futuro Papa Francisco, é uma poderosa meditação sobre fé, diálogo e renovação na Igreja.
Para além destes dois títulos, há outras produções que permitem refletir sobre o impacto histórico, espiritual e simbólico do papado:
Inside the Vatican (2019, BBC)
Documentário que acompanha um ano de vida dentro da Cidade do Vaticano. Acesso raro e comovente aos bastidores da Igreja. (Disponível no YouTube e na BBC iPlayer)
Francisco: O Papa do Povo (2015)
Biografia da juventude de Jorge Mario Bergoglio na Argentina. (Disponível na Apple TV e Google Play)
The Young Pope (2016) e The New Pope (2020)
Séries de Paolo Sorrentino que misturam irreverência, simbolismo e crítica em torno da figura papal. (Disponíveis na HBO Max)
Habemus Papam (2011)
Uma comédia dramática de Nanni Moretti sobre um Papa recém-eleito que entra em crise. (Disponível na Filmin)
Papa Francisco – Um Homem de Palavra (2018), de Wim Wenders
Documentário intimista em que o próprio Papa partilha a sua visão sobre o mundo. (Disponível na Prime Video)
Durante a época de prémios, enquanto Conclave esteva em destaque nas nomeações, o elenco do filme não escapou a perguntas sobre o estado de saúde do Papa Francisco. Em fevereiro, durante os SAG Awards, Isabella Rossellini desejou-lhe publicamente rápidas melhoras. O actor Sergio Castellitto comentou: “Para nós que vivemos em Roma, o Papa está sempre por perto. Vemo-lo sair de helicóptero, a voltar — a relação dos italianos com o Papa é muito próxima.”
Com a notícia da sua morte, várias figuras de Hollywood partilharam tributos comoventes. Martin Scorsese, que teve encontros pessoais com Francisco, descreveu a sua morte como “uma perda imensa para o mundo”.
Revisitar estas obras, não se trata apenas de acompanhar histórias inspiradas em factos reais ou fictícios, mas de mergulhar nas grandes questões da espiritualidade, do poder e da fragilidade humana. O cinema, tal como o pontificado de Francisco, convida à reflexão, à empatia e ao compromisso com o outro.
Para além do ecrã, a vida de Jorge Mario Bergoglio também chegou ao papel em formato ilustrado. Francisco, da autoria de Arnaud Delalande, Yvon Bertorello e Laurent Bidot. Trata-se de uma biografia em banda desenhada que percorre o trajecto do Papa desde as favelas de Buenos Aires até ao trono da Praça de São Pedro. Com traço expressivo e narrativa acessível, a obra é uma homenagem visual à figura do pontífice argentino — um dos maiores porta-vozes da compaixão e justiça social do nosso tempo.
Editado em Portugal pela Verbo, o livro tem capa dura, 96 páginas, e está disponível nas principais livrarias.
Começou a caminhar nos alicerces de uma sala de cinema, cresceu entre cartazes de filmes e película. E o trabalho no meio audiovisual aconteceu naturalmente, estando presente desde a pré-produção até à exibição.