Jogos: Whimside – Análise
Whimside é um jogo idle em pixel art que fica no ecrã enquanto fazes multitasking, misturando o colecionar de criaturas com mecânicas de reprodução e combinações infinitas de atributos.
Jogo: Whimside
Disponível para: PC
Versão testada: PC
Desenvolvedora: Toadzillart
Editora: Future Friends Games
Há algo estranhamente encantador num jogo que não te pede para parar o que estás a fazer, mas que insiste em ser notado. Whimside chama-se a si próprio um “screen sitter”: não é bem um idle clicker, não é bem um simulador completo, e essa crise de identidade é, na verdade, a sua maior força. Instala-se discretamente num canto do ambiente de trabalho, como um Tamagotchi que cresceu e descobriu a genética, mas não te enganes, quer a tua atenção.
A premissa é simples: apanhas pequenas criaturas com um único clique, colocas-nas em recintos e começas a reproduzi-las para obter atributos. Chifres, caudas, cores, padrões, tudo pode ser combinado, dividido ou perdido ao sabor da implacável roleta da herança dominante vs. recessiva. É uma mecânica que soa a matemática pesada, mas que se sente intuitiva. O jogo mostra-te até percentagens, para que saibas quão amaldiçoadas são as tuas probabilidades antes de lançares os dados. E sim, vais lançá-los vezes sem conta, porque o portal mágico que conduz a progressão continua a pedir combinações estranhamente específicas, como “Dá-me uma bola de pelo com cauda comprida, chifres vermelhos e corpo azul”.
A progressão é, ao mesmo tempo, satisfatória e frustrante. Por um lado, cada reprodução bem-sucedida desbloqueia algo novo, habitats maiores, mais variedade, extras misteriosos que fazem o mundo parecer vivo. Por outro lado, o grind inicial pode pôr a paciência à prova. Esperar pela mistura certa de atributos às vezes parece como enviar emails e rezar por respostas: sabes que eventualmente vai acontecer, mas o processo não é propriamente emocionante.
E agora pergunto: será o Whimside realmente um jogo idle? Alguns jogadores dirão que não, é demasiado interativo, demasiado exigente, demasiado distrativo para ser deixado sozinho. Outros, eu incluído, vêem-no de forma diferente. Não é idle como os cookie-clickers, é idle como o ruído de fundo, nem sempre prestas atenção, mas quando prestas, lá está com uma pequena centelha de surpresa. Uma camada oculta de envolvimento. Isso torna-o uma aposta difícil para puristas, mas uma mudança refrescante de ritmo para quem está cansado de ver números a subir sem qualquer atrito.
Visualmente, Whimside acerta na sua identidade. O pixel art é nítido sem ser estéril, e cada criatura parece feita à mão em vez de cuspida proceduralmente. O resultado é um bestiário que se torna mais pessoal quanto mais jogas. Já a música, embora fofa, é descartável: é provável que a desligues ao fim de algum tempo, e, sinceramente, o jogo parece desenhado para isso. O seu propósito é menos entreter diretamente e mais existir ao lado do teu trabalho, da tua navegação ou das tuas chamadas no Discord a altas horas.
Whimside não é perfeito, é lento, por vezes exigente e não é bem aquilo que afirma ser. Mas a sua personalidade, o seu sistema de reprodução e o seu charme inegável fazem dele o companheiro perfeito para os tempos mortos.
Nota: 6,5/10
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.





